quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

LIBERDADE AINDA QUE TARDIA! EVOÉ RUBENS!




O que é violência? Segundo o Dicionário Houaiss, violência é a “ação ou efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato violento, crueldade, força”. No aspecto jurídico, o mesmo dicionário define o termo como o “constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação”.

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como “a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. Mas os especialistas afirmam que o conceito é muito mais amplo e ambíguo do que essa mera constatação de que a violência é a imposição de dor, a agressão cometida por uma pessoa contra outra; mesmo porque a dor é um conceito muito difícil de ser definido.

A violência urbana, no entanto, não compreende apenas os crimes, mas todo o efeito que provocam sobre as pessoas e as regras de convívio na cidade. A violência urbana interfere no tecido social, prejudica a qualidade das relações sociais, corrói a qualidade de vida das pessoas. Assim, os crimes estão relacionados com as contravenções e com as incivilidades. Gangues urbanas, pixações, depredação do espaço público, o trânsito caótico, as praças malcuidadas, sujeira em período eleitoral compõem o quadro da perda da qualidade de vida.

Onde estaria a raiz do problema?

Já é tempo de a sociedade brasileira se conscientizar de que, violência não é ação. Violência é, na verdade, reação. O ser humano não comete violência sem motivo. É verdade que algumas vezes as violências recaem sob pessoas erradas, (pessoas inocentes que não cometeram as ações que estimularam a violência). No entanto, as ações erradas existiram e alguém as cometeu, caso contrário não haveria violência.
No Brasil, a principal “ação errada”, que antecede a violência é o desrespeito. O desrespeito é conseqüente das injustiças e afrontamentos, sejam sociais, sejam econômicos, sejam de relacionamentos conjugais, etc. A irreverência e o excesso de liberdades (libertinagens, estimuladas principalmente pela TV), também produzem desrespeito. E, o desrespeito, produz desejos de vingança que se transformam em violências.

Observe que quando um cidadão agride o outro, ou mata o outro, normalmente o faz em função de alguma situação que considerou desrespeitosa, mesmo que a questão inicial tenha sido banal como um simples pisão no pé ou uma dívida de centavos. Em geral, a raiva que enlouquece a ponto de gerar a violência é conseqüência do nível de desrespeito envolvido na respectiva questão. Portanto, até mesmo um palavrão pode se transformar em desrespeito e produzir violência.

Logo, a exploração, o calote, a prepotência, a traição, a infidelidade, a mentira etc., são atitudes de desrespeito e se não forem muito bem explicadas, e justificadas (com pedidos de desculpas e de arrependimento), certa­mente que ao seu tempo resultarão em violências. É de desrespeito em desrespeito que as pessoas acumulam tensões nervosas que, mais tarde, explodem sob a forma de violência. Precisamos educar nossos adolescentes com mais realismo e seriedade para mantê-los longe de problemas, fracassos, marginalidade e violência. Se diminuirmos os ilusórios direitos (causadores de rebeldias, prepotências e desrespeitos) e reforçarmos os deveres, o país não precisará colocar armas de guerra nas mãos da polícia para matar nossos jovens cidadãos (como tem acontecido tão freqüentemente). Toda essa reflexão colada de textos que gosto, me faz pensar na perda de um grande amigo, e figura polêmica para os que não sabem o que é ser livre!

Leila Diniz foi assim , Pagú foi assim, e artistas que bebiam da mesma fonte que Rubinho! Sim , o Rubinho que lavou nossos cabelos, euq costou nossos cabelos, que nos deu obras de arte em suas pinturas e esculturas de uma loucura tão racional e lúcida, que poucos entendiam!
Os supostos seres normais, vivem nessa falsa lucidez que acreditam ser normal...mas a grande procura de todos é essa loucura lúcida de ser quem queremos sem medos...isso se chama apenas viver!

A morte trágica de Rubinho, nos faz pensar se essas pauladas acometidas a tão nobre pessoa, para ele pode ter sido uma forma libertária de deixar este plano tão desgastado de tudo!
Saudade ele está deixando, e principalmente saudade nas mentes de pessoas que nunca o conheceram e nunca saberão o ícone libertário que este homem foi! HOMEM, sim! Viver tudo que nosso amigo viveu, com toda essa intensidade, é privilégio de poucos pois não há dinheiro que possa comprar e manter tal originalidade!

RUBINHO, MEU AMIGO, ESPERA A GENTE COMO SEMPRE, COM SEUS LONGOS BRAÇOS ABERTOS E DE MÃOS FORTES, QUE SABIA PASSAR COM TANTA DELICADEZA O CARINHO NECESSÁRIO E SEM FALSIDADES NAS HORAS DE ENCONTRO! EVOÉ RUBENS! SAUDADES!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

LAMA PARA LIMPAR A ALMA


Milton Ferreira Verderi


Artaud quando usa o termo “crueldade” fala da crueldade metafísica. O teatro da crueldade a que se referiu, é uma maneira de fazer uma crítica sobre a cultura do espetáculo.

Artaud fala sempre de um teatro que não se confina num palco, mas que pode se realizar numa conferência, por exemplo, e que pode se metamorfosear em qualquer situação.

Trata-se de re-elaborar o pensamento e quebrar uma linguagem formal.

Normalmente o discurso está sempre armado e falta a confrontação com o interno, onde o pensamento titubeia. Há uma crueldade nesse pensamento, na confrontação com o nascimento da linguagem.

Nasce de uma atitude interior e de uma experiência também ligada ao interno. E é isso que vai transformar o que Artaud chama de vida. Uma atitude de desarmamento, uma maneira de se lançar ao desconhecido.

Artaud vai negar a idéia de cultura enquanto produção, de consumo. Para ele, a cultura é uma questão social mais urgente. Assim, o artista fala a partir da dor de existir. Uma dor de fundo, este é o impulso metafísico.

Crueldade e interrupção: com o automatizado, com o discurso pronto.

O interromper para abrir-se para outro espaço. Mas antes do analisar, do racionalizar

Crueldade de Artaud: contra a cultura analgésica

“Traje de Banho Para Sujar”, apresentado no dia 28 de novembro na cidade de Catanduva, segue a linha Artaudiana do princípio ao fim , com toques de Pina Bausch e elementos musicais onde temos s impressão de estarmos dentro de uma apresentação de composições de John Cage.

O etéreo, o mundano, a vaidade, a falta da vaidade, o desespero, a primeira menstruação, a perda da virgindade ( com prazer ou não) é discutida de uma forma intensa, onde vemos o poder do feminino, Gaia, explícita, numa nudez arrebatadora e condenadora.

A encenação de Tales Frey, junto com o Galpão 6 e Cia Excessos, aponta o dedo na nossa cara, mostrando o que nós homens e mulheres, fazemos com o feminino interno e externo. Sim, o feminino está incluso em todos os seres. Isto é fato mostrado e confirmado nesta belíssima apresentação!

Uma encenação nada pretenciosa, sem exageros cênicos, e com um grande e necessário exagero de mensagens explícitas ou implícitas, que só enxerga quem “é cego as avessas” como Caetano já disse.

Uma encenação de primeiro mundo, onde tudo se comunica sem palavras, provando que o teatro é uma língua universal!

Um espetáculo para ser apresentado e reverenciado em qualquer festival internacional do mundo, onde tenham curadores de bom gosto.

É a cultura das sensações (do imaginário, do sensível), não da cultura erudita. Mas um teatro que vai do sensorial ao intuitivo. Não é um teatro físico, apenas.