quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

LIBERDADE AINDA QUE TARDIA! EVOÉ RUBENS!




O que é violência? Segundo o Dicionário Houaiss, violência é a “ação ou efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato violento, crueldade, força”. No aspecto jurídico, o mesmo dicionário define o termo como o “constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação”.

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como “a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. Mas os especialistas afirmam que o conceito é muito mais amplo e ambíguo do que essa mera constatação de que a violência é a imposição de dor, a agressão cometida por uma pessoa contra outra; mesmo porque a dor é um conceito muito difícil de ser definido.

A violência urbana, no entanto, não compreende apenas os crimes, mas todo o efeito que provocam sobre as pessoas e as regras de convívio na cidade. A violência urbana interfere no tecido social, prejudica a qualidade das relações sociais, corrói a qualidade de vida das pessoas. Assim, os crimes estão relacionados com as contravenções e com as incivilidades. Gangues urbanas, pixações, depredação do espaço público, o trânsito caótico, as praças malcuidadas, sujeira em período eleitoral compõem o quadro da perda da qualidade de vida.

Onde estaria a raiz do problema?

Já é tempo de a sociedade brasileira se conscientizar de que, violência não é ação. Violência é, na verdade, reação. O ser humano não comete violência sem motivo. É verdade que algumas vezes as violências recaem sob pessoas erradas, (pessoas inocentes que não cometeram as ações que estimularam a violência). No entanto, as ações erradas existiram e alguém as cometeu, caso contrário não haveria violência.
No Brasil, a principal “ação errada”, que antecede a violência é o desrespeito. O desrespeito é conseqüente das injustiças e afrontamentos, sejam sociais, sejam econômicos, sejam de relacionamentos conjugais, etc. A irreverência e o excesso de liberdades (libertinagens, estimuladas principalmente pela TV), também produzem desrespeito. E, o desrespeito, produz desejos de vingança que se transformam em violências.

Observe que quando um cidadão agride o outro, ou mata o outro, normalmente o faz em função de alguma situação que considerou desrespeitosa, mesmo que a questão inicial tenha sido banal como um simples pisão no pé ou uma dívida de centavos. Em geral, a raiva que enlouquece a ponto de gerar a violência é conseqüência do nível de desrespeito envolvido na respectiva questão. Portanto, até mesmo um palavrão pode se transformar em desrespeito e produzir violência.

Logo, a exploração, o calote, a prepotência, a traição, a infidelidade, a mentira etc., são atitudes de desrespeito e se não forem muito bem explicadas, e justificadas (com pedidos de desculpas e de arrependimento), certa­mente que ao seu tempo resultarão em violências. É de desrespeito em desrespeito que as pessoas acumulam tensões nervosas que, mais tarde, explodem sob a forma de violência. Precisamos educar nossos adolescentes com mais realismo e seriedade para mantê-los longe de problemas, fracassos, marginalidade e violência. Se diminuirmos os ilusórios direitos (causadores de rebeldias, prepotências e desrespeitos) e reforçarmos os deveres, o país não precisará colocar armas de guerra nas mãos da polícia para matar nossos jovens cidadãos (como tem acontecido tão freqüentemente). Toda essa reflexão colada de textos que gosto, me faz pensar na perda de um grande amigo, e figura polêmica para os que não sabem o que é ser livre!

Leila Diniz foi assim , Pagú foi assim, e artistas que bebiam da mesma fonte que Rubinho! Sim , o Rubinho que lavou nossos cabelos, euq costou nossos cabelos, que nos deu obras de arte em suas pinturas e esculturas de uma loucura tão racional e lúcida, que poucos entendiam!
Os supostos seres normais, vivem nessa falsa lucidez que acreditam ser normal...mas a grande procura de todos é essa loucura lúcida de ser quem queremos sem medos...isso se chama apenas viver!

A morte trágica de Rubinho, nos faz pensar se essas pauladas acometidas a tão nobre pessoa, para ele pode ter sido uma forma libertária de deixar este plano tão desgastado de tudo!
Saudade ele está deixando, e principalmente saudade nas mentes de pessoas que nunca o conheceram e nunca saberão o ícone libertário que este homem foi! HOMEM, sim! Viver tudo que nosso amigo viveu, com toda essa intensidade, é privilégio de poucos pois não há dinheiro que possa comprar e manter tal originalidade!

RUBINHO, MEU AMIGO, ESPERA A GENTE COMO SEMPRE, COM SEUS LONGOS BRAÇOS ABERTOS E DE MÃOS FORTES, QUE SABIA PASSAR COM TANTA DELICADEZA O CARINHO NECESSÁRIO E SEM FALSIDADES NAS HORAS DE ENCONTRO! EVOÉ RUBENS! SAUDADES!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

LAMA PARA LIMPAR A ALMA


Milton Ferreira Verderi


Artaud quando usa o termo “crueldade” fala da crueldade metafísica. O teatro da crueldade a que se referiu, é uma maneira de fazer uma crítica sobre a cultura do espetáculo.

Artaud fala sempre de um teatro que não se confina num palco, mas que pode se realizar numa conferência, por exemplo, e que pode se metamorfosear em qualquer situação.

Trata-se de re-elaborar o pensamento e quebrar uma linguagem formal.

Normalmente o discurso está sempre armado e falta a confrontação com o interno, onde o pensamento titubeia. Há uma crueldade nesse pensamento, na confrontação com o nascimento da linguagem.

Nasce de uma atitude interior e de uma experiência também ligada ao interno. E é isso que vai transformar o que Artaud chama de vida. Uma atitude de desarmamento, uma maneira de se lançar ao desconhecido.

Artaud vai negar a idéia de cultura enquanto produção, de consumo. Para ele, a cultura é uma questão social mais urgente. Assim, o artista fala a partir da dor de existir. Uma dor de fundo, este é o impulso metafísico.

Crueldade e interrupção: com o automatizado, com o discurso pronto.

O interromper para abrir-se para outro espaço. Mas antes do analisar, do racionalizar

Crueldade de Artaud: contra a cultura analgésica

“Traje de Banho Para Sujar”, apresentado no dia 28 de novembro na cidade de Catanduva, segue a linha Artaudiana do princípio ao fim , com toques de Pina Bausch e elementos musicais onde temos s impressão de estarmos dentro de uma apresentação de composições de John Cage.

O etéreo, o mundano, a vaidade, a falta da vaidade, o desespero, a primeira menstruação, a perda da virgindade ( com prazer ou não) é discutida de uma forma intensa, onde vemos o poder do feminino, Gaia, explícita, numa nudez arrebatadora e condenadora.

A encenação de Tales Frey, junto com o Galpão 6 e Cia Excessos, aponta o dedo na nossa cara, mostrando o que nós homens e mulheres, fazemos com o feminino interno e externo. Sim, o feminino está incluso em todos os seres. Isto é fato mostrado e confirmado nesta belíssima apresentação!

Uma encenação nada pretenciosa, sem exageros cênicos, e com um grande e necessário exagero de mensagens explícitas ou implícitas, que só enxerga quem “é cego as avessas” como Caetano já disse.

Uma encenação de primeiro mundo, onde tudo se comunica sem palavras, provando que o teatro é uma língua universal!

Um espetáculo para ser apresentado e reverenciado em qualquer festival internacional do mundo, onde tenham curadores de bom gosto.

É a cultura das sensações (do imaginário, do sensível), não da cultura erudita. Mas um teatro que vai do sensorial ao intuitivo. Não é um teatro físico, apenas.

domingo, 8 de novembro de 2009

Morre Anselmo Duarte com Todas as Promessas Pagas





Anselmo Duarte continua sendo nosso único Palma de Ouro

Entrevista concedida a Roberval Lima, Sandro Fortunato e Anahi de Castro


SALTO (SP) - É mais fácil o cinema brasileiro desencantar e ganhar um Oscar do que tirar de Anselmo Duarte o título de único Palma de Ouro do Brasil. Isso já dura 47 anos. De 1962, quando O pagador de promessas ganhou o prêmio máximo do Festival de Cannes, até hoje, nenhum filme brasileiro repetiu o feito.

Enquanto, em Cannes, Diários de motocicleta, de Walter Salles, concorria à Palma de Ouro na 57ª edição do Festival, Anselmo dizia: “Estou correndo perigo de não ser mais o único Palme D’Or do Brasil”. Dono de uma voz vibrante e cheio de histórias, o diretor gravou um depoimento de mais de 3 horas para o site Memória Viva, em seu apartamento na cidade de Salto do Itu, São Paulo.

Aos 84 anos, Anselmo Duarte ainda mantém o jeitão dos anos 50 quando ganhou outro título, este dado por suas fãs e pela propaganda das empresas cinematográficas, o de “maior galã do cinema nacional”. Vaidoso, quando soube que haveria fotos, pediu para fazer a barba antes. No meio da entrevista, vendo a pequena câmera apontada insistentemente para ele, pergunta: “Você está fotografando ou filmando?” Ao saber que a câmera podia fazer as duas coisas, comenta com certo desprezo: “Aaaaaah... tem certas modernidades que eu não adoto.” Tudo bem, Anselmo, você pode.

Do tempo em que molhava a tela na qual se projetava o filme no Cine Pavilhão, em Salto, quando trocava impropérios com o público que estava do outro lado e ganhou o apelido de “Russo louco”, até a Palma de Ouro, passando pelos mal entendidos com o pessoal do Cinema Novo, Anselmo fala ainda do atual cinema brasileiro e conta histórias engraçadas sobre sua infância e sobre sua meteórica passagem por Hollywood.

Se você perguntar onde está a foto de Anselmo Duarte com a Palma de Ouro, responderemos com outra pergunta: você teria coragem de colocá-la depois de ouvir do próprio que jornalista não tem imaginação e que já fez dezenas de fotos iguais a essa? Mas demos um jeitinho, olha bem a foto que abre a matéria. (SF)

Como começou sua ligação com o cinema ainda em Salto? Fale sobre o Cine Pavilhão.

É um caso único. Pouca gente sabe que se molhava a tela no cinema porque é bem diferente hoje. Mas eu estou me referindo ao cinema mudo. Aí dizem: “O Anselmo é mentiroso”. Quando não querem chamar de mentiroso, chamam de “criativo”. Mas é verdade. O pior é que as testemunhas já morreram. Eu sou o cara mais antigo daqui. Mas o Cine Pavilhão era assim. O projetor de filme ficava atrás da tela, que era um pano. Quando batia luz, passava para o outro lado. Assim era o cinema mudo. Pelo menos aqui em Salto. Antigamente era uma lente grande angular, na qual a imagem sai e já abre. Então ficava perto da tela, a uns 5, 6 metros, atrás. Era um só projetor e a cada dois rolos tinha um intervalo de dez minutos. Então tinha sempre dois garotos com uma seringa – feita num gomo de taquara com um courinho na ponta – que sugava e espirrava água. A gente ficava com aquele troço molhando a tela. Você viu O crime do Zé Bigorna? Não tem a cena lá, eles molhando a tela? Eu reproduzi essa cena, só que não eram dois meninos, eu botei o Lima Duarte e o Stênio Garcia.

E como era o público do Pavilhão?

Ah, tinha o diálogo com o público! Era um cinema poeira. Então todo mundo falava, gritava. Durante o filme, todo mundo conversava. Jogavam coisas na tela. E, nos intervalos, a gente jogava água na tela, para esfriar. Conforme a água batia na tela, ficava escuro. Aí o público, que estava do outro lado, fazia assim (colocando as mãos em concha na frente da boca): “Mais para o centro, seu burro!” E a gente jogando água. “Mais no meio, eu falei!” Ninguém me conhecia por Anselmo, ninguém me chamava assim porque achavam um nome meio “amanteigado” e eu era briguento. Eu era loiro e me chamavam de Russo Louco. Aí diziam assim: “Ô, Russo Louco, aqui embaixo, seu burro!” E eu: “É a puta que o pariu”. Porque a gente xingava também. E tinha outro amigo meu, o Zé Panela. Era aquele diálogo de xingação, era uma briga gozada através da tela. E quando estava terminada, eu dizia assim: “Agora vá todo mundo à puta que os pariu”. E o pessoal gritando: “É louco! É o Russo Louco!” Era uma pândega. As sessões eram concorridíssimas.

Já se falou muito sobre Cannes e O pagador de promessas. O que aconteceu depois disso?

Quem é laureado em Cannes não precisa entrar na seleção. É uma outorga que o Festival dá a todos os laureados. Um dos privilégios é esse. Cannes tem um regulamento: todo país pode concorrer com um filme mais os dos diretores laureados. O Brasil é o único país da América do Sul que pode concorrer com dois filmes. A única Palma de Ouro da América do Sul é do Brasil. Um será o que ele tem direito, que será selecionado aqui. O outro vai sem seleção (que é o do diretor laureado). Mas o filme, para sair, precisa de um visto do Itamaraty, que é um órgão que deveria saber de todas essas coisas, mas não sabe. Então eu mandei o filme e disse para enviar para Cannes, que eles (os organizadores do Festival) estavam esperando. Eles estavam selecionando filmes no Itamaraty e teve um crítico desses, lá no Rio, que barrou meu filme, o Vereda de salvação. Ele barrou, disse que não ia para Cannes. Um absurdo! Peguei um avião, fui para o Rio de Janeiro, cheguei lá e disse: “Eu mandei meu filme para os senhores remeterem para Cannes porque o Brasil tem o direito de remeter dois: o que vocês escolherem e o meu”. E eles: “É, mas o problema é outro. Não é que sejamos ignorantes. O problema é outro. Tem gente de pés descalços, gente do campo – que seriam os sem-terra –, o senhor é comunista. O senhor só não foi preso porque tem um nome...” Uma coisa absurda! Um negócio de louco! Aqui no Brasil, se você não é vencedor, “você é fantástico, é formidável, não tem chances, mas é ótimo”; mas se você ganhar... “não é tanto assim”. Brasileiro tem isso de não gostar de quem vence. Tem gente que diz que o Pelé não sabia jogar futebol! Disseram que o filme não iria por problema político, que eu era conhecido como comunista.

O senhor chegou a ser preso durante a ditadura, acusado de ser comunista?

Eu entrei (para o Partido Comunista) não por convicção política. Entrei por um abaixo-assinado que fizeram para inscrever (tornar legal) o partido. Eu tinha um grande amigo no Rio de Janeiro, que era comunista, Alinor Azevedo, um grande jornalista, que me disse “assina aí pra gente registrar o partido”. Eu assinei. Mas nunca fui por convicção. Se fosse, eu diria. Nunca liguei para nada. Assinei. Tá registrado? Então, seja feliz. No dia em que tiraram o partido de circulação invadiram a sede, no Rio, pegaram todas as fichas e eu fui chamado. Não eram chamados todos. Só as pessoas mais populares, os que têm comunicação com o povo: artistas, políticos, intelectuais, jornalistas. Esses eles prendem. São os primeiros. E eu fui. Chegou um camburão na porta de onde eu morava, só que eu não vi, morava em apartamento. E me disseram: “O senhor foi testemunha de um acidente de trânsito. Morreu uma pessoa e estão chamando o senhor para prestar depoimento. É só chegar lá e dizer que não viu nada”. Eu me vesti e saí tranqüilo. Na porta do prédio, ainda sem perceber nada, perguntei se iria no meu carro e disseram que não. Foram me empurrando, abriram a porta e me jogaram dentro do camburão. E eu não sabia porquê! Quando cheguei na Central, estavam prendendo todo mundo. Quando eu entrei... “Olha tá chegando gente famosa! Comuna famoso!” e “Pá!” Começaram a dar umas bolachas. Bom! Eu já apanhei muito por ser galã. Todo mundo queria bater. Então fui aprender a lutar para me defender. Sou faixa-preta em Jiu-Jitsu. Fui aluno do Hélio Gracie, fiz demonstrações com ele no Maracanãzinho. No segundo tapa, eu quase quebrei o braço do cara. Segurei, dei um balão nele... e aí que eu apanhei muito mais, me arrebentaram! Apanhei bastante! Mas foi porque reagi. Fiquei como comunista. Nunca tive uma participação ativa. Mas saí no mesmo dia. Liguei pro meu advogado, ele foi pra lá com pessoas importantes e me tiraram de lá.

O senhor tem ressentimentos em relação às críticas do pessoal do Cinema Novo?

Vou explicar como é que surge uma onda dessas. Eu posso dizer algo para um repórter, algo que não tenha a menor importância. Mas também posso dizer para outro que não simpatiza comigo, que está me entrevistando por obrigação, porque é a profissão dele. Então ele põe aquilo que eu falei e mais o que ele queria falar e não tinha coragem. E o troço vai aumentando. Então um botou: “Todo o Cinema Novo falava...” O “pessoal do Cinema Novo” não falava nada. Um falou um dia. Outro aumentou e assim foi. Muita gente do Cinema Novo se dava comigo. Uma vez saiu algo e até hoje, 30, 40 anos depois continua. Sabe por que é tudo uma onda? Porque quem inventou o Cinema Novo fui eu. Eu inventei o Cinema Novo. Como? Eu estava fazendo o meu primeiro filme, o Absolutamente certo, que foi saudado quando saiu. Ninguém esperava nada do “galã”. Toda a imprensa acha que galã é burro. E saiu que o Absolutamente certo era o cinema novo brasileiro. Ainda não existia o Cinema Novo. Depois veio O pagador de promessas. No livro do ano de Cannes tem sempre a justificativa do porquê eles deram a Palma de Ouro para aquele filme. E lá dizia que “esse filme, sem dúvida, marca um cinema novo do Brasil”. O pessoal do Cinema Novo já estava fazendo um filme. Eram cinco diretores que estavam fazendo o Cinco vezes favela. Tinha um guru da imprensa, o Alex Viany, guru dos jovens. Escritor, jornalista, foi diretor também. Então ele veio falar comigo: “Anselmo, tem uns garotos aí que eu estou lançando e que estão fazendo um filme que se chama Cinco vezes favela. E nós soubemos que seu filme foi selecionado para Cannes e o do Ruy Guerra para (o Festival de) Berlim. Nós queríamos assistir os dois filmes”. E daí passaram os filmes. Nessa sessão estava toda a rapaziada que viria a ser o Cinema Novo: Cacá Diegues, Leon Hirszman, Glauber Rocha – que já me conhecia de Salvador, de quando eu estava filmando O pagador de promessas –, Gustavo Borges, uns 10 ou 12 diretores do início do Cinema Novo. Quando terminou, aplausos e mais aplausos. E todo mundo falava: “Anselmo, você vai ganhar algum prêmio. É o melhor filme já feito no Brasil!” Todos falavam a mesma coisa. Mas, na verdade, eles nunca poderiam imaginar que eu ganharia a Palma de Ouro. Achavam impossível ganhar em Cannes.

Quando isso ficou claro?

Eu não voltei logo ao Brasil, porque quando você ganha a Palma de Ouro, é convidado para tudo quanto é festival, porque o de Cannes é o mais importante do mundo. E todo festival em que eu ia, ganhava. Voltei com cinco prêmios. Antes de chegar aqui, já percebi. De Cannes, fui para Paris. Lá, telefonaram para mim e disse: “Anselmo, sabe quem está aqui em Paris? Um grande amigo seu: o Glauber!” E eu: “Puxa! Fantástico! Então segura ele aí, vamos almoçar juntos”. Quando cheguei, achei ele meio triste, chateado. “Chateado quem está é todo aquele pessoal do Cinema Novo”, ele disse. “Mas como? Faz uns dez dias que saí de lá e estava toda aquela festa! Chateados? Mas por que?” E Glauber: “Anselmo, eles não admitem que você tenha ganhado do Buñuel”. Que imbecilidade! Eles não admitirem que eu tenha ganhado do Buñuel? Para mim, melhor do que o Buñuel tinha uns cinco lá. Quem gosta mesmo do Buñuel é comunista, porque ele fala mal dos Estados Unidos, fala mal do capitão, fala mal do patrão. Ele é um diretor comunista. Os filmes dele são primários. Eu tenho coragem de falar e provo. Mas comunista acha ele um deus. (...) O filme do Buñuel era um que tem um monte de gente dentro de uma casa de portas abertas e que não consegue sair (O anjo exterminador). Uma fita chata, imbecil, própria do Buñuel. Ele quer dizer que é uma sociedade milionária que não sabe qual é a saída. Vá à merda! Vai sofrer assim nos quintos dos infernos! Cinema não foi feito pra isso...

E Hollywood?

Eu estive em Hollywood. Fui levado pelo presidente e o vice-presidente da Universal. Eu tinha ganhado cinco festivais internacionais e os americanos pegam diretores assim e levam para lá. Iam fazer isso comigo. Não que eu não quisesse. Quer fazer, faça. Iam pagar em dólar. Mas é que eu briguei antes do tempo, antes de receber o primeiro salário. O presidente e o vice-presidente da Universal me colocaram numa limusine que parecia um ônibus e fui conhecer os estúdios da Universal. Chegando lá, eu vi aquele portão largo, de ferro, muito alto, trabalhado, escrito Universal Pictures em cima. Quando eu estava entrando, olhei para o porteiro, fardado, de quepe, um coitado de um velho, que abriu a porta. Eu passei rente a ele e levei um susto quando vi a cara dele. Gritei: “Stop! Stop the car! Stop!” O carro parou, eu abri a porta e saltei. Cheguei pro porteiro e falei: “Bernoudy, como vai você?” Ele foi meu diretor na Atlântida! O Luís Severiano Ribeiro, grande exibidor do Rio, quando comprou a Atlântida, contratou o Bernoudy, que era produtor em Hollywood, para vir melhorar a Atlântida. Ele veio pro Rio, trabalhou, organizou a Atlântida. Dirigiu meu primeiro filme lá, Terra violenta. Ed (Edmond) Bernoudy adorava o Brasil, adorava o Rio. Ficou dois anos no Rio, já falava português. Foi assistente do John Ford. Era um bom diretor. Eu conversava muito com ele, aprendi muito com ele. E aí eu o vejo de farda e de quepe na porta da Universal. Eu saltei e perguntei: “Mas o que é que você está fazendo com essa farda aqui?” Meu professor, meu diretor, mas que coisa! A essa altura ele já estava com uns 80 anos. Eu tirei o quepe dele, joguei fora e falei: “Você não vai ser porteiro aqui, não! Mas que país é esse? Você foi diretor e lhe jogam aqui?! Deviam lhe aposentar pelo menos! Vamos embora!” Fiquei chateado. Daí eu cheguei no carro e falei para o tradutor: “Fala que esse homem não vai mais trabalhar aqui na portaria. Que ele vai ser o meu primeiro assistente. E ele vai no carro conosco”. O presidente da Universal virava a cara para ele. Quando eu saí de lá, falaram que ficava para depois o acerto do meu contrato. E sabe o que eles alegaram? “Mas como?! Nós estamos contratando um gênio” – porque, para eles, ganhar aqueles prêmios todos era ser gênio – “estamos contratando um gênio para melhorar nosso estúdio e ele foi aluno do nosso porteiro?!!” Acabou. Não me contrataram. A minha carreira foi a mais curta de um diretor em Hollywood.

O senhor tem acompanhado as nossas produções atuais?

Eu tenho visto bons filmes brasileiros. Mas o cinema brasileiro passou a ser dirigido por pessoas que têm títulos e são muito jovens. O que é ter título? É o cara que vai para a faculdade cursar Comunicação e depois faz uma especialização chamada Cinema. E geralmente é gente que tem posses. Então ele termina e mostra o diploma para os pais. E aí, porque tem um diploma, ele vai dirigir. O pai, que tem bons relacionamentos, arruma financiamentos e tal. Geralmente ele faz um filme. E não faz nunca mais nenhum. Porque não sabe dirigir. (...) A imprensa não quer saber se ele está dirigindo, se demorou, se foi o pai dele quem pagou, se até aquela data ele não ganhou nenhum centavo... pega e esculhamba: é burro, não sabe dirigir. A maior parte não faz o segundo filme.

O senhor gostou de alguma produção brasileira recente?

Central do Brasil.

Dirigido pelo Walter Salles, filho de banqueiro...
Eu acho que, no momento, ele é o melhor diretor brasileiro. Eu já vi um outro filme dele que também gostei. E já fui assistir porque era dele. Não o conheço pessoalmente. Tenho um olho clínico bom. Eu estou correndo perigo de não ser mais o único Palme D’Or do Brasil.

Fonte: www.memoriaviva.com.br

Agora uma breve biografia e curiosidades sobre Anselmo Duarte


O ator, roteirista e cineasta Anselmo Duarte Bento, mais conhecido como Anselmo Duarte, nasceu na cidade de Salto, SP, em 21 de abril de 1920.

Começou no cinema como molhador de tela, aos 10 anos de idade.

No tempo das fitas mudas, o projetor ficava atrás da tela e a esquentava. Era preciso jogar água a cada dois rolos de filme para evitar incêndios.

Na infância, Anselmo Duarte queria ser projecionista, como o irmão Alfredo. Essa experiência foi usada em um dos filmes de Duarte, "O Crime do Zé Bigorna", ambientado em 1928. Na trama, enquanto Charles Chaplin agitava a tela, Lima Duarte e Stênio Garcia a molhavam.

O primeiro trabalho de Anselmo Duarte como ator foi no filme inacabado de Orson Welles "It's all true" (1942).

Anselmo Duarte foi o maior galã do cinema brasileiro nos anos 1940 e 50, estrelando obras na Cinédia, na Atlântida e na Vera Cruz. Seu primeiro trabalho como diretor, "Absolutamente Certo" (1957), era uma comédia como aquelas que lhe deram fama como ator.

Em 1962, lançou "O Pagador de Promessas", o único filme brasileiro a receber o maior prêmio mundial do cinema, a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O jovem diretor venceu concorrentes que pertencem à história cinematográfica, como Luis Buñuel ("O anjo exterminador"), Michelangelo Antonioni ("O eclipse") e Robert Bresson ("O julgamento de Joana d'Arc").

Na premiação em Cannes, a embaixada brasileira em Paris não emprestou a bandeira do Brasil para o Festival. Depois de alguma confusão, Duarte teve de tomar uma bandeira emprestada, que tinha metade do tamanho oficial. Por isso, só foi hasteada a bandeira do vencedor, pois, caso as outras fossem abertas, ela destoaria.

De volta ao Brasil, os diretores do Cinema Novo moveram uma campanha que contra o "Pagador". "Fizeram de tudo para denegrir a minha conquista, que foi referendada em vários outros festivais naquele ano", conta Duarte. Segundo ele, a campanha se manteve com o filme seguinte, "Veredas da Salvação" (1964), duramente criticado na imprensa brasileira e elogiado no exterior, em especial no Festival de Berlim.

Como ator, um de seus filmes preferidos é "Sinhá Moça" (1953), de Tom Payne, no qual ele faz um belo discurso em favor da liberdade. Anselmo Duarte contracena com Eliane Lopes nessa história do século 19 de uma jovem que se apaixona por advogado e vive um grande drama de amor, numa época em que as idéias abolicionistas ganhavam força e eram violentamente combatidas. O filme, produção da Vera Cruz, ganhou o Prêmio Especial do Júri, em Veneza. A atuação de Anselmo Duarte também foi elogiada no papel do compositor Zequinha de Abreu, em "Tico-Tico no Fubá" (1952).

Dos filmes feitos na Cinédia, o destaque é "Pinguinho de Gente" (1947). Na Atlântida, Duarte atuou e refez o roteiro de "Carnaval no Fogo", do diretor Watson Macedo. Foi também ator em "Independência ou Morte" (1972).




Fontes: IMDb, Wikipédia, Site Adoro Cinema Brasileiro, Site Webcine.


Filmografia

Filmografia - Ator

1986 - Brasa Adormecida
1984 - Tensão no Rio
1979 - Embalos Alucinantes
1976 - Paranóia (Marcelo Riccelli)
1976 - Já Não Se Faz Amor Como Antigamente (Atílio)
1976 - Ninguém Segura Essas Mulheres
1975 - A Casa das Tentaçoes
1974 - Assim Era a Atlântida
1974 - O Marginal
1974 - A Noiva da Noite
1972 - Independência ou Morte (Gonçalves Ledo)
1968 - Juventude e Ternura (Estênio)
1968 - A Madona de Cedro (Adriano Mourão)
1967 - O Caso dos Irmãos Naves (tenente de polícia)
1967 - A Espiã Que Entrou em Fria
1960 - As Pupilas do Senhor Reitor
1959 - Um Raio de Luz
1958 - O Cantor e o Milionário (Tito Lívio)
1957 - Senhora (inacabado)
1957 - Absolutamente Certo (Zé do Lino)
1957 - Arara Vermelha
1956 - Depois Eu Conto (Zé da Bomba)
1955 - O Diamante
1955 - Carnaval em Marte (Ricardo)
1955 - Sinfonia Carioca (Ricardo)
1953 - Sinhá Moça (Rodrigo)
1953 - Apassionata
1953 - Veneno (Hugo)
1952 - Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu)
1951 - Maior Que o Ódio
1950 - Aviso aos Navegantes (Alberto)
1949 - O Caçula do Barulho
1949 - Carnaval no Fogo
1949 - Um Pinguinho de Gente (Luiz Antônio)
1948 - A Sombra da Outra
1948 - Inconfidência Mineira
1948 - Terra Violenta (Carlos)
1947 - Não Me Digas Adeus
1947 - Querida Susana
1942 - It's All True (inacabado)

Filmografia - Diretor

1979 - Os Trombadinhas
1977 - O Crime de Zé Bigorna
1976 - Já Não Se Faz Amor Como Antigamente - Episódio: Oh! Dúvida Cruel
1976 - Ninguém Segura Essas Mulheres
1973 - O Descarte
1971 - Um Certo Capitão Rodrigo
1969 - O Impossível Acontece
1969 - Quelé do Pajeú
1964 - Vereda de Salvação
1962 - Pagador de Promessas
1957 - Absolutamente Certo


Prêmios

- Em 1997 é convidado especial Palme Dór do 50º Aniversário do Festival de Canners, na França.

- Com o Pagador e Promesas ganha cinco prêmios internacionais, com destaque para a Palma de Ouro em Cannes, França.

- Melhor Ator, por Um Pinguinho de Gente, Prêmio "Revista A Cena Muda", Rio de Janeiro, 1949.

Curiosidades

- Vai para o Rio de Janeiro após ler um anúncio de Orson Welles selecionando pessoas para participar do filme It's All True (1942). Ele faz então a sua estréia no cinema.

- Foi molhador de tela de cinema aos 10 anos de idade, porque o projetor ficava atrás da tela e a esquentava. Tinha que se molhar a tela a cada dois rolos de filme.

- Acabou utilizando como inspiração depois em um filme, O Crime do Zé Bigorna. Como a cena é de 1928, do tempo do Getúlio Vargas e do cinema mudo, reproduziu um cinema com cartazes, um projetor elétrico passando o filme de Chaplin. Baleiro vendendo as balas, o guarda impondo a disciplina. E molhando a tela do cinema estavam o Lima Duarte e o Stênio. Estava reproduzida uma cena do cinema mudo, sua infância. O projecionista era seu irmão, Alfredo. O filme passou na Itália e Alemanha, com sucesso e excelentes críticas.

- Quando o filme o Pagador de Promessas ganhou Palma de Ouro, teve que lutar contra muito mais que outros filmes. O Embaixador em Paris e o Itamaraty não acreditavam realmente no cinema brasileiro. O filme venceu oito concorrentes na comissão de seleção de filmes do Itamaraty, foi selecionado. Mas o pessoal do Rio de Janeiro não sabia que em Paris o Embaixador, a ponto de não emprestar a bandeira do Brasil para o festival.

- O problema da bandeira foi resolvido quando Anselmo Duarte, foi a procura de material para costurar uma bandeira com sua irmã. Mas encontraram um uma casa a bandeira hasteada, era a casa do Doutor Armando Fonseca. Porém a bandeira não tinha era da metade do tamnho do padrão, e pela primeira vez só se hasteou a bandeira do vencedor, as outras ficaram cerradas, caso fossem tambem abertas veriam que ela era menor. Para acompanhar o hasteamento foi arranjado um disco, levado por Oswaldo Massaini, produtor do filme.

- Glauber Rocha foi de grande importância para O Pagador de Promessas, pois ele apresentou Anselmo Duarte ao prefeito, que era o Antônio Carlos Magalhães. Foi ele que arrumou o Corpo de Bombeiros para as filmagens, foi assistente de produção.

- Roterista em O Caçador de Esmeraldas (1979), O Crime de Zé Bigorna (1977), Já Não Se Faz Amor Como Antigamente (1976), episódio Marido Que Volta Deve Avisar em Ninguém Segura Essas Mulheres (1976), O Descarte (1973), Independência ou Morte (1972), Um Certo Capitão Rodrigo (1971), O Impossível Acontece (1969), Quelé do Pajeú (1969), Vereda de Salvação (1964), O Pagador de Promessas (1962), As Pupilas do Senhor Reitor (1961), Absolutamente Certo (1957), Depois Eu Conto (1956), Carnaval em Marte (1955) e Carnaval no Fogo (1949).

- Produtor em O Descarte (1973), Independência ou Morte (1972), A Madona de Cedro (1968), Vereda de Salvação (1964), O Pagador de Promessas (1962), As Pupilas do Senhor Reitor (1961), Depois Eu Conto (1956) e Carnaval em Marte (1955).

- Editor em Depois Eu Conto (1956), Carnaval em Marte (1955) e Carnaval no Fogo (1949).

- O Crime de Zé Bigorna (1977), O Descarte (1973), Um Certo Capitão Rodrigo (1971), Quelé do Pajeú (1969) e Vereda de Salvação (1964) foram eibidos comercialmente no exterior.

- Falece em São Paulo em 7 de Novembro de 2009.

Fonte: www.meucinemabrasileiro.com

Cenas de Uma Vida Produtiva - Anselmo Duarte

Netes videos, tento mostrar um pouco da genialidade de Anselmo Duarte, incluindo um documentário feito pelo Museu da Cidade de Salto e OVERTAKE Produçoes, cenas de O Pagador de Promessas, Absolutamente Certo, o Pinga fogo entre Anselmo duarte e Chico Xavier












quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Celulares e Rituais

MINHA AMIGA, IRMÃ, MARIDA!RSRSRS VALÉRIA TORRES JORDÃO ME ENVIOU ESTA MATERIA PENSANDO QUE TEM A CARA DO MEU BLOG! ACERTOU, BELÍSSIMA MATÉRIA!


INFELIZMENTE NÃO SEI A FONTE, MAS ASSIM QUE DESCOBRIR A POSTAREI! ESPERO QUE CURTAM!



A primeira manifestação religiosa da humanidade foi o culto aos antepassados ou aos espíritos dos mortos.

O ser humano se recusa a admitir a morte como o fim absoluto de sua individualidade, embora haja indivíduos que não acreditem em espíritos e na sobrevivência do mesmo após a morte. Eu me incluo entre aqueles que não consegue aceitar, que o ser inteligente do planeta, aquele que é capaz de saber que sabe e o único a ansiar pela vida eterna, acabe totalmente com a morte de seu corpo biológico e material. Vejo a natureza humana semelhante a um celular GSM, esses que possuem chips que podem ser usados em qualquer aparelho. Entendendo, que o celular é a operadora) e afirmando com todas as religiões, que o ser humano é um composto de corpo, alma e espírito, associo o corpo ao Aparelho; a alma a energia vital, que no celular provem da bateria e o espírito ao chip, em que estão guardadas todas as informações. Este espírito pode, por ocasião da morte, formar um corpo físico e sutil em de modo semelhante a um downloads, repasse todas as informações de sua vida presente para este novo corpo,tal como um chip incluído num celular desbloqueado funciona normalmente com os dados de dono dele. Dessa forma é o espírito, a parte mais importante, pois tal como em um celular, se você perde só o aparelho, pode comprar outro e ficar com os seus dados, ou quando perde o chip pode recuperar os dados deste, por meio da operadora. Em síntese: o chip e o espírito são informações e por isto, superam a matéria. composto de 3 partes diferentes e necessárias para o seu funcionamento, que são: Aparelho, Energia e Chip (excluindo daí

a operadora) e afirmando com todas as religiões, que o ser humano é um composto de corpo, alma e espírito, associo

o corpo ao Aparelho; a alma a energia vital, que no celular provem da bateria e o espírito ao chip, em que estão guardadas todas as informações. Este espírito pode, por ocasião da morte, formar um corpo físico e sutil em de modo semelhantete a um

downloads, repasse todas as informações de sua vida presente para este novo corpo,tal como um chip incluido num celuar desbloqueado funciona normalmente com os dados de dono dele. Dessa forma é o espírito, a parte mais importante, pois tal como em um celular, se você perde só o aparelho, pode comprar outro e ficar com os seus dados, ou quando perde o chip pode recuperar os dados deste, por meio da operadora. Em síntese: o chip e o espírito são informações e por isto, superam a matéria.




quinta-feira, 8 de outubro de 2009

MOMENTOS DE ELIS-MUSICAS E ENTREVISTAS

Antes da biografia de Elis Regina, posto aqui alguns videos para lembrarmos da grande e inesqucível! Tento por aqui, desde suas grandes interpretações até suas idéias.

APRECIEM!


























































ESPERO QUE TENHAM CURTIDO!

ELIS REGINA - BIOGRAFIA CRONOLÓGICA





por: Maria Luiza Kfouri



1945

17 de março: Nascimento em Porto Alegre, RS, no Hospital da Beneficência Portuguesa, às 15:10 h.


1952/1956
Curso primário no Grupo Escolar Gonçalves Dias, Porto Alegre.


1956
Setembro: Canta pela primeira vez no rádio, no programa Clube do Guri, animado por Ary Rego, na Rádio Farroupilha de Porto Alegre. Passa a integrar o elenco fixo do programa, ganhando um pequeno cachê e presentes dos patrocinadores. Tempos depois torna-se secretária do programa: além de cantar, lê recados, nomes de aniversariantes e apresenta os candidatos.


1957/1960
Ginásio no Instituto de Educação Flores da Cunha, em Porto Alegre.



1959
O primeiro contrato profissional, com a Rádio Gaúcha de Porto Alegre, para se apresentar no Programa Maurício Sobrinho de Maurício Sirotsky Sobrinho.


1960
Grava para a Continental um compacto simples com as músicas Dá sorte e Sonhando.


1961
Cursa seis meses de clássico no Colégio Estadual Júlio de Castilhos e transfere-se para o curso normal da Escola Diogo de Souza. Grava o primeiro LP para a Continental: "Viva a Brotolândia", produção de Nazareno de Brito. 6 de dezembro: Com uma grande festa, Elis é coroada "Rainha do Disco Clube", em Porto Alegre.


1962
Grava o segundo LP para a Continental: "Poema". 31 de dezembro: Recebe no Salão de Atos da PUC, em Porto Alegre, o prêmio de melhor cantora do ano.


1963
Grava, para a CBS, O LP "0 Bem do Amor", produzido por Evandro Ribeiro. Abandona o curso normal ao terminar o segundo ano.


1964
Março: Elis transfere-se para o Rio de Janeiro. Assina contrato com a TV Rio, onde participa do programa Noites de Gala, ao lado de Marly Tavares, Trio Iraquitã, Jorge Ben e Wilson Simonal. Da tevê é levada por Dom Um Romão para apresentar-se no Beco das Garrafas. Lá, no Little Club, faz o show Bossa três, com o Copa Trio de Dom Um Romão e Iris Lettieri, e, na boate Bottle's, o show Sósifor, com Marly Tavares e Gaguinho, sob a direção de Luiz Carlos Mieli e Ronaldo Bôscoli. 31 de agosto: Primeiro show de Elis em São Paulo: Boa bossa, show beneficente para a Associação de Moças da Colônia Sírio-Libanesa, dirigido por Walter Silva. Do show participam Agostinho dos Santos, Sílvio César, Lennie Dale, Peri Ribeiro e o Zimbo Trio. Logo em seguida Elis estréia um show na boate Djalma, ao lado de Sílvio César. Segundo Walter Silva, o show foi um fracasso total de público. Outubro: E contratada por Armando Pittigliani, da Companhia Brasileira de Discos, selo Philips. Participa, junto com o Zimbo Trio, do programa Primeira Audição, apresentado no Colégio Rio Branco, SP, e gravado em videoteipe pela TV Record. 19 de outubro: Participa do show Bossa só, no Clube Hebraica, SP. 26 de outubro: Canta com Marcos Valle a música Terra de ninguém no show O remédio é bossa, promovido pela Escola Paulista de Medicina e dirigido por Walter Silva. 23 de novembro: Faz a segunda parte (que era considerada, na época, a parte nobre dos shows) do show 1.' Denti-Samba, promovido pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e dirigido por Walter Silva. Elis canta acompanhada pelo Copa Trio, que tocava com ela desde o Beco das Garrafas. Na primeira parte do show, as participações de Walter Santos, Peri Ribeiro, Geraldo Vandré, Oscar Castro Neves, Paulinho Nogueira, Alaíde Costa e Zimbo Trio.

1965
6 de abril: Recebe o prêmio Berimbau de Ouro por ter vencido o 1 Festival de Música Popular Brasileira, realizado pela TV Excelsior, com a música Arrastão, de Edu Lobo e Vinícius de Morais. 8 de abril: Estréia no Teatro Paramount, SP, o show Elis, Jair e Jongo Trio, produzido por Walter Silva. O show apresenta-se ainda nos dias 9 e 12 e é gravado ao vivo. O disco, "Dois na Bossa", faz um grande sucesso e Elis e Jair são contratados pela TV Record para fazer um programa semanal de música brasileira. Frase de Elis na época: "Você sabe lá, o que é, com vinte anos, sair pra rua e ser reconhecida? Você fica louca, se achando Deus". 10 de abril: Recebe o prêmio Roquete Pinto como a melhor cantora de 1964, na TV Record. 19 de maio: Estréia na TV Record o programa semanal O Fino da Bossa, comandado por Elis, com a presença constante de Jair Rodrigues. Pelo programa passam os maiores nomes da música brasileira, dos mais antigos aos mais novos. O Fino da Bossa passa a ser gravado às segundas-feiras no Teatro Record, SP, transmitido às quartas-feiras para São Paulo e nos outros dias da semana para o resto do país. Direção: Manoel Carlos, Raul Duarte, Tuta Machado de Carvalho e Nilton Travesso. É lançado o disco "Samba eu canto assim", primeiro LP individual de Elis para a Companhia Brasileira de Discos, CBD, selo Philips. 22 de agosto: Estréia na TV Record o programa semanal Jovem Guarda, sob o comando de Roberto Carlos, transmitido aos domingos.


1966
Janeiro: Elis vai para a Europa e fica até o início de março. Faz shows em Lisboa e Luanda com Jair Rodrigues e o Zimbo Trio. 10, 11 e 12 de março: Apresenta-se com o Zimbo Trio no Jardim de Inverno Fasano, SP. Lança o disco "Elis", o segundo pela CBD-Philips, onde grava Canção do sal, de Milton Nascimento. E a primeira vez que uma música de Milton é gravada. Setembro: Participa do II Festival de Música Popular Brasileira, promovido pela TV Record, cantando Ensaio geral, Gil, e Jogo de roda, de Edu Lobo e Ruy Guerra Só Ensaio geral chega à classificação final, ficando em quinto lugar, e Elis é muito vaiada. Vencedores do festival: Chinco Buarque com A banda, cantada por ele e Nara Leão, Lido Vandré e Théo de Barros com Disparada, cantada por Jair Rodrigues. Durante o festival é gravado o primeiro disco independente feito no Brasil "Viva o Festival da Música Popular Brasileira" -, lançado pelo selo Artistas e fabricado pela Rozenblit. Elis participa com Ensaio Geral e Jogo de roda. Outubro: Canta Canto triste, de Edu Lobo e Vinícius de Morais, na fase nacional do I Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo, acompanhada por uma orquestra de cordas e por Edu Lobo ao violão. Vence Saveiros, de Dori Caymmi e Nelson Motta, cantada por Nana Caymmi, música que Elis viria a gravar no mesmo compacto Canto triste. Elis e Edu são vaiados quando a música é classificada para a finalíssima da fase nacional. Dezembro: Elis e Baden Powell fazem show na boate ZumZum, RJ.


1967
Junho: No dia 19, a TV Record resolve tirar o Fino do ar. Depois de perder pontos no Ibope, o programa passa a ser dirigido por Mieli e Bôscoli: é o Fino 67. Mesmo assim, o programa não se recupera, e a direção da Record resolve engloba-lo em uma série chamada Frente Única - Noite da MPB, gravada às segundas-feiras no Teatro Paramount, SP, produzida por Solano Ribeiro. A cada segunda, apresentadores diferentes: Geraldo Vandré, Chinco e Nara, Gilberto Gil, Elis e Jair. 3 de julho: Estréia a série Frente Única - Noite da MPB. Primeiro programa: Elis, sob a direção de Mieli e Bôscoli. A série dura nove programas, três deles apresentados por Elis. Nessa ocasião Elis participa, ao lado de Gilberto Gil e Edu Lobo, de uma passeata em defesa das raízes da MPB, contra a invasão da música estrangeira. A manifestação passa para a história, como a "passeata contra as guitarras". Outubro: Elis se apresenta no III Festival de Música Popular Brasileira, TV Record, conhecido como "o festival da virada". Nasce a Tropicália: Gilberto Gil e Os Mutantes cantam Domingo no Parque, que ganha o segundo lugar, Caetano Veloso, com o conjunto argentino Beat Boys, canta Alegria, alegria, e fica com a quarta classificação. Elis defende O cantador, de Dori Caymmi e Nelson Motta. A música é classificada para a finalíssima, mas só leva um prêmio: o de melhor intérprete, para Elis. O festival é vencido por Ponteio, de Edu Lobo e Capinam. Chinco Buarque fica em terceiro lugar com Roda-viva. Lançamento de compacto. De um lado, Tristeza que se foi, de Adílson Godoy, e de outro, Upa, neguinho, de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri, um dos maiores sucessos da carreira de Elis. Outubro e novembro: II Festival Internacional da Canção, promovido pela Tv Globo. Na parte nacional vence a música Margarida, de Guttemberg Guarabyra. O segundo lugar vai para Milton Nascimento e sua Travessia, e o terceiro para Carolina, de Chinco Buarque. Elis não participa desse festival, mas lança um compacto com Travessia de um lado e Manifesto, de Guto e Mariozinho Rocha, do outro. Dezembro: dia 5: Elis Regina casa-se, no civil, com Ronaldo Bôscoli. Ela tem vinte e dois anos, e ele, trinta e oito. dia 7: Cerimônia religiosa do casamento na Capelinha Mairink:, Floresta da Tijuca, RJ, onde mal cabe o véu de dez metros da noiva. Frase de Ronaldo na época: "Não sou rico, mas estou bem. Ela ganha quinze milhões (velhos) por mês e eu, dois e meio. O trivial da casa será mantido por mim. O luxo, por ela". O casal passa a morar na Avenida Niemeyer, São Conrado, RJ.


1968
Janeiro: Elis vai para a Europa representar o Brasil no II Mercado Internacional do Disco e da Edição Musical (MIDEM), em Cannes, França. Canta no show de abertura festival. Delirantemente aplaudida pela platéia de duas mil pessoas, Elis volta ao palco para bisar Upa, neguinho. apresentações nas Tvs inglesa, holandesa, belga, suíça e sueca. janeiro: Vai ao ar pela última vez o programa Jovem Guarda. 29 de janeiro: Estréia, na TV Record, o programa mensal Especial, dirigido por Mieli e Bôscoli, gravado no Teatro Paramount, SP. 6 de março: Elis estréia no Olympia de Paris. Canta oito números, acompanhada pelo Bossa Jazz Trio. Entre as músicas Samba da bênção, de Baden Powell e Vinícius de Morais cantada em francês, versão de Pierre Barouh. Volta ao palco por seis vezes no final do show. 2 de abril: Elis volta ao Brasil. 7 de abril: A TV Record dedica o seu Show do Dia 7 a Elis. Três horas e meia de programa, onde se conta a vida dela. É homenageada com as presenças dos pais, da avó, do irmão Rogério, de Francis Hime, Chinco Buarque e MPB-4, Marcos Valle, Théo de Barros, Edu Lobo, Vinícius de Morais, Baden Powell, Isaura Garcia, Sílvio César, Agnaldo Rayol, Ronald Golias, Chinco Anísio, Wanderléa, Erasmo Carlos, Ronnie Von, Nelson Motta, Dori Caymmi, Márcia, Hebe Camargo, Wilson Simonal, Mieli e Ronaldo Bôscoli. Maio: Elis substitui, às pressas, Cynara e Cybele num show elas faziam com Baden Powell. Elis canta sem ensaiar. Além disso, apresenta-se com Jair Rodrigues e o Bossa Jazz no Teatro Ópera, em Buenos Aires. 11 de maio: Começa a I Bienal do Samba, promovida pela TV Record. Elis participa e vence com Lapinha, de Baden Powell e Paulo César Pinheiro. 30 de maio: Vai ao ar pela TV Record o segundo programa Elis Especial, gravado no Teatro Paramount, SP, dirigido por Mieli e Bôscoli. 27 de junho: Terceiro programa Elis Especial gravado no Teatro Paramount, SP, dirigido por Mieli e Bôscoli. Agosto: Elis faz uma temporada de um mês na boate Sucata, de Ricardo Amaral, no Rio. Seiscentas pessoas assistem à estréia do show, dirigido por Mieli e Bôscoli. Outubro: Elis integra o júri internacional do III Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo. Vence Sabiá, de Tom Jobim e Chinco Buarque, vaiada pela platéia, que prefere Caminhando ("Pra não dizer que não falei de flores"), de Geraldo Vandré. Um festival muito acidentado na parte nacional: Gil e Caetano são desclassificados na eliminatória realizada no Tuca, em São Paulo. Gil com Questão de ordem e Caetano com ~ proibido proibir. Caetano faz no palco um inflamado e belo discurso, perguntando à platéia que o vaiava sem parar: "Esta é a juventude que diz que vai tomar o poder? (. . .) Se vocês forem em política como são em estética, estamos feitos". 3 de outubro: Em entrevista ao Jornal da Tarde, Elis fuzila o Tropicalismo: "Eu só digo uma coisa: vai bem quem faz coisa séria. Quem quer fazer galhofa, piada com o público, que se cuide. Tropicália é um movimento profissional e promocional, principalmente. De artístico mesmo não tem nada, nada, nada". E lançado O LP "Elis Especial", pela CBD-Philips. Do repertório, Corrida de jangada, de Edu Lobo e Capinam, faz sucesso. A TV Record promove o IV Festival de Música Popular Brasileira. Elis não participa. O júri é dividido em dois: o erudito e o popular. Pelo júri erudito vence São São Paulo, meu amor, de Tomzé; pelo popular, Bem-vinda, de Chinco Buarque. Divino maravilhoso, de Caetano e Gil, cantada por Gal Costa, fica em terceiro lugar no júri erudito e não se classifica no popular. Memórias de Marta Saré, de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri, é a única a conseguir um consenso entre os dois: fica em segundo lugar. 23 ~ outubro: Elis inicia nova temporada no Olympia, em Pariu. Para essa apresentação, leva os músicos Erlon Chaves, Roberto Menescal e Antônio Adolfo. A temporada estende-se a~ o dia 11 de novembro. A revista Fatos e Fotos de 14/11168 registra: "E a primeira vez que um artista consegue se apresentar duas vezes no mesmo ano no Olympia. Na estréia, Elis veste um Saint-Laurent preto, longo, e recebe oito cortinas.. Entre muitos telegramas, exibe um: 'Mil cortinas pra você Beijos. Ronaldo'" Na França, Elis grava um compacto duplo com a participação de Pierre Barouh na música Noite dos mascarados, de Chinco Buarque, cantada em francês. Arranjos de Eumir Deodato. Apresenta-se, também, no Cassino Estoril, em Lisboa, Portugal. 28 de novembro: A TV Record apresenta o especial Elis em Paris, gravado durante a temporada no Olympia.


1969
Janeiro: Elis apresenta-se, mais uma vez, no Mercado Internacional do Disco e da Edição Musical (MIDEM), em Cannes, França. Canta Corrida de jangada, de Edu Lobo e Capinam, Memórias de Marta Saré, de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri, e Casa-forte, de Edu, com a participação dele. Faz programas nas Tvs francesa, inglesa, suíça, sueca, belga e holandesa. 20 de fevereiro: Elis volta ao Brasil. 18 de março: Estréia, na TV Record, a série de programas Elis Studio, gravada sem a presença do público, dirigida por Mieli e Bôscoli. A cada programa, um tema e um convidado especial. Um deles: Roberto Carlos. 5 de abril: Na quadra da Estação Primeira de Mangueira, a escola desfila para Elis e lhe concede o título de "Cidadã da Mangueira". Maio: Elis sai da TV Record. 4 de maio: Vai para Londres, onde, nos dias 6 e 8, grava um LP com o maestro inglês Peter Knight. Volta ao Brasil no dia 13. Junho: Vai para a Suécia e grava um LP com o gaitista Toots Thielemans. Os dois discos são lançados na Europa, e só anos mais tarde, no Brasil. Lança, no Brasil, O LP "Elis, como e porquê". No repertório. O sonho, de Egberto Gismonti, e Casa-forte, de Edu Lobo. 1." de julho: Estréia no Rio de Janeiro o show Elis com Mieli & Bôscoli, no Teatro da Praia, que ela arrenda. Banda: Roberto Menescal (guitarra), Wilson das Neves (bateria), José Roberto (contrabaixo, Hermes (percussão) e Jurandir (piano). Agosto: Em entrevista a Clarice Lispector, Elis afirma: 'o palco está tão ligado à minha maneira de ser, à minha evolução, aos meus traumas, que eu acho que me separar do palco é a mesma coisa que castrar um garanhão" Elis lança, com Pelé, um compacto com duas composições dele: Vexamão e Perdão não tem. 2 de novembro: O show Elis com Mieli & Bôscoli estréia em São Paulo, no Teatro Maria Della Costa. Elis está grávida. No 5º e último Festival de Música Popular Brasileira, TV Record, é proibido o uso da guitarra elétrica. Elis não participa. Vence Paulinho da Viola com Sinal fechado. Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chinco Buarque e Edu Lobo saem do Brasil. Caetano e Gil para Londres, Chinco para Roma, e Edu Lobo para Los Angeles.


1970
2 de abril: Entrando no sétimo mês de gravidez, Elis estréia no Canecão, RJ, um show dirigido por Mieli e Bôscoli. Acompanham Elis uma banda e uma orquestra. Direção musical de Erlon Chaves. Elis canta uma música de Caetano Veloso (Não tenha medo) e outra de Gilberto Gil (Fechado pra balanço), feitas especialmente para ela e mandadas de Londres, e também As curvas da estrada de Santos, de Roberto e Erasmo Carlos. Nesse show Elis revela Tim Maia, cantor e compositor que já havia trabalhado com Roberto e Erasmo Carlos no início de suas carreiras e que voltava dos Estados Unidos depois de morar lá por alguns anos. Nessa mesma ocasião, Elis lança O LP ". . . Em Pleno Verão", pela CBD-Philips. No repertório, Vou deitar e rolar ("Quaquaraquaquá", de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, e, com a participação de Tim Maia, These are the songs, do próprio Tim. Vou deitar e rolar faz sucesso. 17 de junho: Aos vinte e cinco anos, Elis dá à luz um menino, João Marcelo, na Casa de Saúde São José, RJ. João Marcelo nasce forte, mas nos primeiros meses de vida tem muitos problemas por ser alérgico a leite de vaca, chegando a ficar hospitalizado. Sem leite para amamentá-lo, Elis vai à televisão e pede amas-de-leite para o filho. 20 de novembro: Elis estréia, para uma curta temporada, na enorme casa de shows Di Mônaco, SP. Nome do show: Com a cuca fundida. Lança um compacto duplo pela CBD-Philips, cuja primeira música é de dois compositores novatos: Madalena, de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza. A gravação faz um grande sucesso. Nesse ano a TV Globo promove o V Festival Internacional da Canção, do qual Elis não participa. Vence a música BR-3, de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, cantada por Tony Tornado. Ivan Lins fica em segundo lugar com a música O amor é meu pais, dele e de Ronaldo Monteiro de Souza. Em terceiro lugar, Encouraçado, de Sueli Costa e Tite de Lemos, e em quarto, Um abraço terno em você, viu mãe? de e com Gonzaguinha.


1971
Janeiro: Elis assina contrato com a TV Globo e passa a participar do programa Som Livre Exportação dividindo seu comando com Ivan Lins. No dia 6, o programa é gravado em São Paulo, no Palácio de Exposições do Anhembi. Cinco horas de show para uma platéia de quase cem mil pessoas. Abril: Lança, pela CBD-Philips, o LP "Ela", onde, além de Madalena, já sucesso, grava Roberto e Erasmo Carlos, Lennon e McCartney, Caetano, e Black is beautiful, de Marcos e Paulo Sérgio Valle. Junho: Estréia, pela TV Globo, o programa mensal Elis Especial, dirigido por Mieli e Bôscoli. Outubro: Elis aceita presidir o júri do VI Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo. Correm boatos de que artistas como Chinco Buarque (já de volta ao Brasil), Tom Jobim, Edu Lobo e Paulinho da Viola aproveitariam a transmissão ao vivo para protestar contra a censura. As autoridades tomam providências e eles acabam se retirando do certame. Vence a música Kirié de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós. Sai o disco intitulado "Top Star Festival", gravado por encomenda da ONU em solidariedade aos refugiados de todo o mundo. Elis é a única convidada brasileira a participar, com Madalena.


1972
1º de março: Estréia no Teatro da Praia, RJ, o show É Elis direção de Mieli e Bôscoli. Banda: César Camargo Mariano (piano), Luisão (contrabaixo), Luís Cláudio (guitarra), Ronaldo (tumbadora) e Paulinho Braga (bateria). Nesse show Elis lança algumas músicas de compositores novos: Sueli Costa, Vitor Martins, Fagner e João Bosco e Aldir Blanc. 11 de maio: Depois de várias separações e reconciliações, Elis e Ronaldo Bôscoli se desquitam. O juiz determina que Elis nada tem a receber de Ronaldo. Este teria que dar uma pensão de três salários mínimos para João Marcelo, que fica sob a guarda da mãe. Junho: Sai do ar o programa Elis Especial, depois de quase um ano em cartaz. Elis rescinde seu contrato com a TV Globo, alegando falta de condições para trabalhar com o ex-marido. Setembro: Elis canta nas Olimpíadas do Exército, no ano do Sesquicentenário da Independência. Outubro: Elis estréia no Mônaco Music Hall, SP, com César Mariano e uma banda de onze músicos. ~ "Elis", pela CBD-Phonogram/Philips. Músicas marcantes: Águas de março, de Tom Jobim, Atrás da porta, de Francis Hime e Chinco Buarque, Nada será como antes e Cais ambas de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos. Arranjos e teclados: César Camargo Mariano. A música Diálogo de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, vence o Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo, já completamente esvaziado pela ausência de outros grandes nomes da música brasileira. Em segundo lugar, Fio Maravilha, de Jorge Ben. 12 o sétimo e último FIC.



1973
12 e 13 de maio: A Philips promove, no Palácio de convenções do Anhembi, SP, a Phono 73, uma série de shows com seus contratados. Entre eles, Elis, Gal, Bethânia, Gil, Caetano, Chinco, Fagner, Nata Leão. Os shows são gravados para posterior lançamento em discos. Cada artista se apresenta sozinho e, antes de sair, canta um número com artista seguinte. Elis é recebida com frieza pela platéia. Alguém do público grita um gracejo pesado para ela. Caetano Veloso, na platéia, levanta-se e grita: 'Respeitem a maior cantora desta terra". Ela canta Cabaré de João Bosco e Aldir Blanc, É com esse que eu vou de Pedro Caetano, Ladeira da preguiça de e com Gilberto Gil. A apresentação de Elis é no dia 11, sexta-feira, justamente o dia em são desligados os microfones de Gilberto Gil e Chinco Buarque, quando eles tentam cantar Cálice a primeira parceria dos dois, durante algum tempo proibida pela censura. Julho: Lançamento do disco - outra vez "Elis" -, que estava sendo gravado desde março. O LP vem com dez músicas: quatro de Gil, quatro de João Bosco e Aldir Blanc, Folhas secas, de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, e É com esse que eu vou de Pedro Caetano. 10 de agosto: Em um ônibus Mercedes-Benz, Elis parte do Lord Hotel de São Paulo para uma excursão de trinta e seis dias pelos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, pelo chamado "Circuito Universitário". Banda: César Mariano (teclados), Paulinho Braga. (bateria), Luisão (baixo), Chinco Batera (percussão), Olmir Stocker (guitarra), Rogério Costa (som) e mais iluminador, bilheteira, administrador, contra-regra, um representante de Marcos Lázaro e o motorista. "Esse circuito, de universitário só tem o nome. Foram poucos os estudantes que vi. A gente, por saber que vai ao encontro dos universitários, prepara um trabalho sério, consciente, de acordo com a idéia do que é proposto. E, no fim, tem que enfrentar uma massa descaracterizada, reunida em ginásios e cinemas, quando na verdade isso deveria ser feito no próprio campus" (Elis, para a jornalista Pink Wainer). Depois dessa excursão, Elis rompe com o empresário Marcos Lázaro.


1974
Fevereiro.. Para comemorar seus dez anos de carreira, Elis vai para Los Angeles gravar um disco com Tom Jobim. Com Elis vão César Mariano (teclados), Hélio Delmiro (guitarra e violão), Luisão (baixo), Paulinho Braga (bateria). Lá, junta-se ao conjunto o compositor, arranjador e violonista Oscar Castro Neves, além de uma orquestra de cordas regida pelo maestro Bili Hitchcock. Tom Jobim participa do disco fazendo arranjos, tocando piano e violão e cantando em algumas faixas. César Mariano também participa com arranjos e piano. O disco é gravado nos estúdios da MGM em Los Angeles, entre os dias 22 de fevereiro e 9 de março. Antes de encontrar-se com Tom, Elis declara: "Tom me assusta um pouco. Mas é importante demais conviver com esse monstro sagrado da nossa música, e a responsabilidade de gravar a seu lado balança um pouco qualquer pessoa". Depois de encontrar-se com ele: "Foi maravilhoso, e Tom é divino. Nunca vi pessoa mais simples e encantadora" (Folha de 5. Paulo, 17/4/74). Elis e César Mariano mudam-se para São Paulo e passam a morar na Rua Califórnia, no bairro do Brooklin. 2 de maio: Estréia no Teatro Maria DeIla Costa, SP, o recital Elis, com direção musical de César Mariano. Banda: Luisão (baixo), Hélio Delmiro (guitarra e violão), Paulinho Braga (bateria), Chinco Batera (percussão), além do próprio César (piano), mais a participação de cinco músicos do naipe de cordas da Orquestra Sinfônica Jovem de São Paulo. No programa do show, Elis escreve: "Já não é tão simples reunir a intenção pura ao ato de cantar. Já não é tão fácil mostrar novas músicas, quando existem dificuldades para encontrá-las. A voz e o modo mudam tudo". Julho: Elis participa do show de inauguração do Teatro Bandeirantes, SP, ao lado de Chinco Buarque, Maria Betânia, Tim Maia e Rita Lee. Canta Conversando no bar, de Milton Nascimento e Fernando Brant, Travessia, de Milton, O mestre-sala dos mares) de João Bosco e Aldir Blanc, Só tinha de ser com você, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, Triste, de Tom Jobim, e Pois é' de Jobim e Chinco Buarque, esta com a participação de Chinco. Logo após o show Elis parte para mais um Circuito Universitário. Desta vez o organizador é Roberto de Oliveira, e as apresentações são em Porto Alegre, Caxias do Sul, Curitiba, interior do Paraná e interior de São Paulo. lançado o disco gravado com Tom Jobim em Los Angeles. 3 e 4 de outubro: Elis e Tom se apresentam no Teatro Bandeirantes, SP, em show dividido em três partes: a primeira por conta de Elis, a segunda com Tom, e, na terceira, cantam juntos. Acompanhamento do Quinteto de César Mariano e de orquestra dirigida pelo maestro Leo Peracci. Arranjos de César Mariano, Tom Jobim e do maestro Peracci. Há nove anos Tom não se apresentava em São Paulo, desde o show O remédio é bossa, produzido por Walter Silva no Teatro Paramount em 1965. Novembro: Sai o disco anual pela CBD-Phonogram/Philips, "Elis". Destaques: Dois pra lá, dois pra cá, de João Bosco e Aldir Blanc, e Conversando no bar, de Milton Nascimento e Fernando Brant. 20 a 23 de novembro: Elis faz recitais no Teatro da Universidade Católica, Tuca, SP. Banda: César Mariano (teclados), Natan Marques (guitarra e violão), Luisão (baixo), Francisco José de Souza (percussão) e Antônio Pinheiro Filho (bateria).


1975
No início do ano é criada a Trama, empresa de Elis e mais três sócios entre eles o mano Rogério e o marido César - que passaria a produzir espetáculos musicais. O primeiro espetáculo produzido é Te pego pela palavra, com Marlene. 18 de abril: Nasce Pedro, na maternidade do Hospital São Luís, SP Segundo filho de Elis, primeiro com César Mariano. Elis: "Agora tenho dois primogênitos em casa". Setembro: Elis, César, Natan (guitarra), Crispim (guitarra e teclados), Wilson (baixo) e Nenê (bateria) começam a ensaiar o show Falso brilhante. Elis e os músicos querem fazer algo mais do que cantar e tocar. Para isso, fazem aulas de expressão corporal com José Carlos Viola, laboratórios com o psiquiatra Roberto Freire e exercícios de sensibilização teatral com Minam Muniz, a diretora do espetáculo. Contam ainda com a participação de dois atores: Lígia de Paula e Janjão. Cenários: Naum Alves de Souza. Figurinos: Lu Martin. Direção musical: César Mariano. Produção: Trama. A um mês da estréia, o grupo Passa a ensaiar num porão da prefeitura, ao lado de um banheiro público, debaixo do Viaduto do Chá, em pleno centro de São Paulo. 17 de dezembro: Falso brilhante estréia no Teatro Bandeirantes, SP. Um sucesso estrondoso do início ao fim da temporada de catorze meses. Uma média de mil e quinhentas pessoas por dia. O espetáculo nunca viajou.


1976
Fevereiro: Minam Muniz e Naum Alves de Souza, diretora e cenógrafo de Falso brilhante, reclamam junto à Trama, produtora do espetáculo, o pagamento para cada um de cinco por cento da renda bruta do show. A SBAT Sociedade Brasileira de Autores Teatrais - consegue, então, o seqüestro de 16,66% da renda bruta do espetáculo, que ficaria depositado na Caixa Econômica Estadual até que as partes chegassem a um acordo. O caso é entregue à justiça. Elis, César, Raul Cortez e Ruth Escobar vão a Brasília e conseguem a liberação da peça Mockinpott, de Peter Weiss, cuja montagem - d0 Teatro de Arena de Porto Alegre - é proibida horas antes da estréia. Elis doa a renda de uma noite do show Falso brilhante para ajudar o grupo a pagar os prejuízos causados pelo adiamento da estréia. Sai o disco Falso Brilhante, com parte do repertório do show, gravado em estúdio. Destaques: duas músicas de Belchior - Como nossos pais e Velha roupa colorida e Fascinação, grande sucesso de Carlos Galhardo, em versão de Armando Louzada. 15 de março: Premiação dos melhores do ano pela Associação Paulista dos Críticos de Arte. Falso brilhante ganha o prêmio de melhor show. 24 de março: A Trama, produtora de Falso brilhante, vence na justiça a ação reclamatória de direitos autorais interposta por Minam Muniz e Naum Alves de Souza. 21 de maio: Falso brilhante comemora, com uma grande festa, cem apresentações no Teatro Bandeirantes, SP. Setembro: Elis financia o segundo número do jornal Nós Mulheres, publicado pela Associação de Mulheres, SP. 20 de outubro: Falso brilhante completa duzentas representações e bate um recorde no show business brasileiro: desde a estréia, em 17/12/75, até esse dia, foi visto por 194 993 pessoas. Ainda ficaria mais quatro meses em cartaz. 23 de outubro: A TV Bandeirantes leva ao ar o programa Elis Especial, produzido pela Clack e dirigido por Roberto de Oliveira. Dezembro: Elis, César e os dois filhos mudam-se do Brooklin para uma casa na serra da Cantareira, SP. ". . . Fundamental mesmo foi eu ter me admitido como um ser rural. Não só porque tenha sido uma vez rural. Não é isso. ~ rural porque o meu inconsciente coletivo é do campo: minha avó era pastora de ovelhas, e meu avô, plantador de uvas. Mamãe é a síntese disso, papai veio dos índios que foram enxotados da serra dos Patos, e eu e meu irmão passamos a infância catando cocô de vaca para que eles misturassem e fizessem plantações no quintal. Cidade não é mesmo comigo. Asfalto e óleo diesel são com o César. Ele, sim, gosta da fumaça de um onibuzinho poluído. No dia em que entendi que eu fugia de volta para o meu elemento principal, o campo, resolvi assumir tudo. E tive chance, pois logo pintou um terreno na Cantareira, a quarenta minutos de São Paulo. Fomos. No principio foi difícil, porque o César custou mais a se adaptar. Afinal, ele é da Praça da Sé. Mas tudo bem. Hoje, ele de vez em quando dá uma voltinha na cidade, toma fôlego na poluição geral e fica numa boa. (. . .)" (para a revista Amiga de 28/5/80).


1977
6 de janeiro: Volta ao cartaz Falso brilhante, que tinha parado no dia 18 de dezembro para um descanso da companhia. Como novidade, a inclusão de Marcha da Quarta-Feira de Cinzas, de Carlos Lyra e Vinícius de Morais. 18 de fevereiro: Falso brilhante encerra sua temporada depois de catorze meses em cartaz, duzentas e cinqüenta e sete apresentações, e de ter sido visto por duzentas e oitenta mil pessoas, que lhe renderam uma bilheteria total de oito bilhões de cruzeiros para um gasto inicial de quinhentos e sessenta milhões (dados do jornal Última Hora, SP, 18/2/77). Elis está grávida de seu terceiro filho. 10 de março: César Mariano e seu grupo estréiam no Teatro Bandeirantes, SP, o show São Paulo-Brasil, com roteiro e direção de Oswaldo Mendes e assistência de direção de Elis. O show, composto de quatro movimentos ("Chegada e reconhecimento", "Construção da cidade", "Peso da cidade" e "Cidade assumida"), tem textos de Oswaldo Mendes. No grupo de César: Natan Marques (guitarra e violão), Crispim del Cistia (guitarra e teclados), Wilson (contrabaixo) e Dudu Portes (bateria). O repertório do show é lançado em disco pela RCA-Victor. Maio.' A Rádio Jovem Pan de São Paulo passa a promover uma série de shows intitulada O Fino da Música, cuja preocupação é divulgar a música brasileira de bom nível. O primeiro show é dedicado ao choro e reúne o Regional de Canhoto; o segundo apresenta Elizeth Cardoso, Paulo Moura e Severino Araújo & Orquestra Tabajara. 25 de. julho: Grávida de sete meses, Elis apresenta-se no Fino da Música número 3, para uma platéia de mais de três mil e quinhentas pessoas, no Palácio de Convenções do Anhembi, SP. Banda: César Mariano & Grupo, mais Hélio Delmiro (guitarra) e Luisão (baixo) como convidados especiais. Participam do show Renato Teixeira (Romaria é lançada nesse dia), Ivan Lins e Cláudio Lucci, um compositor ainda desconhecido, de quem Elis acabara de gravar Colagem e Vecchio novo. Agosto: Lançamento do LP "Elis" pela Phonogram/Philips. O disco conta com as participações de Milton Nascimento, Ivan Lins e Renato Teixeira. Destaques: Caxangá, de Milton e Fernando Brant, e Romaria, de Renato Teixeira. 16 de agosto.' Elis grava sua participação no programa especial de Milton Nascimento, apresentado pela TV Bandeirantes no dia 21 de setembro. Direção de Roberto de Oliveira. Às vésperas de dar à luz, Elis canta com Milton a música Caxangá, dele e de Fernando Brant. 9 de setembro: Nasce Maria Rita, na maternidade do Hospital São Luís, SP Terceiro filho de Elis, segundo de seu casamento com César Mariano Eu tive uma alegria maior tendo uma filha, porque, de uma certa forma, tinha muito homem no meu pedaço. Eu acho que a Maria Rita vai ter uma vantagem, porque eu já fui pra vida. A minha mãe nunca saiu de dentro de casa" (entrevista à TV Globo, 1979). 17 de novembro: Estréia nacional do show Transversal do tempo, no Teatro Leopoldina, em Porto Alegre. Roteiro e direção de Aldir Blanc e Maurício Tapajós. Direção musical de César Mariano. Banda: César (teclados), Natan Marques (guitarra e violão), Crispim del Cistia (guitarra e teclados), Fernando Cisão (baixo), Dudu Portes (bateria). O show fica em Porto Alegre até 6 de dezembro.


1978
9 de janeiro: Reunião no Teatro Ruth Escobar, SP. Participam: Elis, Ivan Lins, Marília Medalha, Paulinho Nogueira, Tomzé, maestro Benito Juarez, Marcus Vinícius e mais trinta artistas. Em discussão uma proposta de estatuto para a criação da seção paulista da Sombrás (Sociedade Musical Brasileira) e da Assim (Associação de Intérpretes e Músicos). A Assim é criada na tentativa de reparar uma grave injustiça praticada com os músicos: eles são obrigados a "ceder" seus direitos conexos de interpretação no momento em que fazem algum acompanhamento em disco. Em tese, cabe aos músicos que participam de uma gravação o pagamento de dezessete por cento do que for arrecadado com o disco em vendagem e execução. Como os músicos são obrigados a abrir mão desse percentual, ele é remetido para a Ordem dos Músicos, que não tem o poder de distribuí-lo. O dinheiro fica guardado para a compra de cadeira de rodas ou para pagar enterros. Elis passa a participar das diretorias das duas entidades. 26 de janeiro: Elis, César Mariano, Martinho da Vila e Marcus Vinícius vão a Brasília pata expor ao então ministro da Educação Ney Braga as diretrizes da Assim. 20 de fevereiro: Elis apresenta Transversal do tempo no Teatro Sistina de Roma, e, dias depois, no Teatro Lírico de Milão. Ela surpreende público e críticos italianos por apresentar um repertório praticamente desconhecido por eles, sem se preocupar em "puxar" os sucessos garantidos. Antes de começar o show, Elis fala ao público: "Carmen Miranda morreu nos anos 50. A Europa precisa entender que não somos um povo só de carnaval. Temos a nossa tristeza. E não vim aqui para fazer concessões. Vou cantar exatamente o que canto em meu pais 1º de março: Transversal do tempo faz uma apresentação no Club de Vanguardia, em Barcelona. 7 de março: Transversal do tempo estréia no Teatro Ginástico, RJ, para uma temporada de três meses. Junho: Sai O LP Transversal do tempo, gravado ao vivo, com trechos do show. Uma particularidade envolve o lançamento do disco: a RCA-Victor, que mantém César Mariano sob contrato, proíbe que apareça o nome dele, como instrumentista, na capa do disco. Seu nome só poderia aparecer no que se referia às partes técnicas do show e do disco. 20 a 30 de julho: Transversal do tempo se apresenta no Teatro de Icéia em Salvador. Agosto: O show cumpre temporadas em Belo Horizonte e Curitiba. 25 de outubro: Transversal do tempo estréia no Teatro Brigadeiro, SP Incluídas as músicas Altos e baixos, de Sueli Costa e Aldir Blanc, e Meninas da cidade, de Fátima Guedes. 8 de outubro: A revista Veja diz que Elis se recusa a levar Transversal do tempo para Buenos Aires, a convite do empresário Ronnie Scally: "Enquanto meu disco ('Falso Brilhante') continuar proibido pela censura argentina, não me apresento lá". (A censura havia interditado o disco por causa da música Gracias a la vida, de Violeta Parra.)



1979
1.0 de janeiro: Vai ao ar, pela TV Bandeirantes, um programa especial que Elis levara um mês gravando. Ela aparece passeando e cantando com Adoniran Barbosa, visita Rita Lee em uma discoteca paulista, e com ela canta Doce pimenta, música feita por Rita para Elis. Direção do programa: Roberto de Oliveira e Sueli Valente. Fim de janeiro: Elis tira Transversal do tempo de cartaz e viaja para descansar. Em mais de um ano de temporada o show foi apresentado em Porto Alegre, Roma, Milão, Paris, Barcelona, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo. Fevereiro: Elis assina contrato com a gravadora WEA, mesmo já tendo assinado, antes, com a EMI-Odeon. Entre os projetos que envolvem o novo contrato, uma apresentação no Festival de Jazz de Montreux, Suíça, em julho. Dias depois do rompimento oficial de Elis com a Philips, a gravadora lança, a toque de caixa, um LP intitulado "Elis Especial", com músicas que ela havia cantado em ensaios de estúdios - como guia para arranjos -, além de outras que haviam sido cortadas das edições finais dos discos por não serem consideradas boas gravações. Motivo desse lançamento: Elis devia dezesseis fonogramas à gravadora. Maio: Participa do Show de maio, com renda revertida para o fundo de greve dos metalúrgicos de São Paulo, em um enorme galpão do velho estúdio da Cia. Vera Cruz de Cinema, em São Bernardo do Campo, com cinco mil pessoas presentes. Além de Elis, participam do show: João Bosco, Macalé, Gonzaguinha, Dominguinhos, Maria Martha, Fagner e Carimbos Vergueiro. 15 de maio: É lançado o primeiro compacto simples de Elis pela WEA. De um lado, a música O bêbado e a equilibrista de João Bosco e Aldir Blanc; do outro, As aparências enganam, de dois compositores novos, Tunai (irmão de João Bosco) e Sérgio Natureza. O bêbado e a equilibrista é imediatamente apelidado de "Hino da Anistia", cuja campanha se intensificava no Brasil. Julho: A WEA lança O LP "Essa Mulher", com O bêbado e a equilibrista e uma música inédita de Cartola, Basta de clamares inocência, além de uma inédita de Baden Powell e da música título, de Joyce e Ana Terra. 15 de julho: Elis apresenta-se no Grand Palace de Bruxelas, Bélgica, numa festa musical que comemora os mil anos da cidade. Toots Thielemans, um dos maiores jazzistas da gaita-de-boca e que já havia gravado um LP com Elis em 69, está presente e acompanha Elis em Madalena, de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza, e Maria, Maria, de Milton Nascimento e Fernando Brant. 19 de julho: Apresenta-se na Noite Brasileira do 13.0 Festival de Jazz de Montreux, Suíça. Banda: César Mariano (teclados), Hélio Delmiro (guitarra), Luisão (baixo), Paulinho Braga (bateria) e Chinco Batera (percussão). No final da noite, Elis e Hermeto Paschoal fazem uma jam session. 25 de julho: Elis canta no Festival de Jazz de Tóquio, Japão. 30 de agosto: Começa uma série de apresentações do novo show Elis, essa mulher. A temporada: 30/8 a 6/9 - interior de São Paulo; 14 a16/9 São Paulo; 17/9 a 5/l0 - interior de São Paulo; 6/10 - Londrina; 9 a 21/10 -Porto Alegre; 25 a 28/10 - Curitiba; 31/10 a 18/11 -Belo Horizonte; 22 a 25/11 - Brasília; 28 a 31/11 -Belém; 1/12 - São Luís; 2/12 - Teresina; 5 a 9/12 - Fortaleza; 11 a 16/12 - Recife; 18/12 - Aracaju; 19 a 23/12 - Salvador. A estréia nacional do show é no Ginásio Municipal de Esportes de Sorocaba, interior de São Paulo, para uma platéia de duas mil e quinhentas pessoas. Banda: César Mariano (teclados), Crispim dei Cistia (guitarra e teclados), Ricardo Silveira (guitarra, violão e viola), Luís Moreno (bateria), Nenê (baixo), Chacal (percussão). Direção musical: César Mariano. Som: Rogério Costa. Realização: Trama. Promoção: Poladian Produções. No programa do show, Elis escreve: Nessa hora e meia, a gente vai falando do jeito da gente. Os tempos da ingenuidade. Da desatenção. Do não saber de nada. Do susto que se tomou ao se conhecer quase nada. Dos tempos da quixotada. Dos restos de amadorismo. Do amadurecimento. Da raiva. Essas coisas todas que foram transformando a gente. Que hoje tem o mesmo riso, faz a mesma algazarra, gosta da cachaça, etc... Mas que melhorou o jogo de cintura, aprimorou o físico, desenvolveu o faro. Além de ter aprendido a prender a respiração quando o cheiro não é dos melhores. O concerto é isso aí. Devagarinho vai se levando. Pra, no final, a esperança ser posta na berlinda de novo. Esperança que pinta, mas já com a certeza de que a gente tem que cavar. Tem que tomar. Na marra. Rindo. Se possível".


1980
Janeiro: Primeiros ensaios e seleção de elenco para o show Saudade do Brasil no Teatro Procópio Ferreira, SP. 20 de março: Estréia no Canecão, RJ, o show Saudade do Brasil, com um elenco de vinte e quatro pessoas - treze músicos e onze bailarinos, a maioria novatos - dirigido por Ademar Guerra e coreografado por Márika Gidali, com quem Elis faz aulas de dança. Há dez anos Elis não se apresenta no Canecão. Direção musical: César Mariano. Figurinos: Kalma Murtinho. Cenário e programação visual: Marcos Flaksman. 'Não se trata de saudade de alguma coisa que acabou ou pessoa que morreu. É saudade do que está aí vivo, solto, e nunca deixou de existir. Se não temos acesso a isso, é por falta de uma batalha maior" (Elis, para o jornal O Globo, 20/3/80). 9 de julho: Morre Vinícius de Morais. Elis cancela seu show e participa das homenagens póstumas. Segundo a escritora Rita Ruschel, Elis passou vários dias, depois do enterro de Vinícius, dormindo no chão. "Superada essa fase, passou a dormir sobre a colcha, entre as almofadas de coração e borboleta. (. . .) Só muitos dias depois conseguiu, com esforço, entrar definitivamente entre os lençóis e dormir o sono dos justos" (em Meus tesouros da juventude - Editora Summus). É lançado o álbum duplo "Saudade do Brasil", com a íntegra do show, mas gravado em estúdio. Do álbum participam todos os músicos do show, além dos bailarinos, que no show também fazem coro. O álbum duplo é lançado em edição limitada de vinte e cinco mil exemplares e mais tarde, desmembrado em dois discos: "Saudade do Brasil" 1 e 2. Agosto: Depois de cinco meses de absoluto sucesso, Saudade do Brasil se despede do Canecão e do Rio de Janeiro. 4 de setembro: O show estréia em São Paulo, no Tuca Teatro da Universidade Católica. Fica um mês em cartaz. 3 de outubro: A TV Globo leva ao ar o especial Elis Regina Carvalho Costa, programa da série Grandes Nomes. Era praxe do programa que o artista focalizado levasse um convidado e cantasse com ele um ou dois números. O convidado de Elis, para esse programa, é o próprio César Mariano. Os dois, sozinhos, apresentam Rebento, de Gilberto Gil, e Modinha, de Tom Jobim e Vinícius de Morais. Novembro: Depois de já ter lançado um álbum duplo pela WEA em julho, Elis lança um novo LP. Dessa vez, a gravadora é a EMI-Odeon, com a qual, na verdade, Elis havia assinado contrato antes de assinar com a WEA. No disco, Elis recria O trem azul, de Lô Borges e Ronaldo Bastos, e Rebento, de Gilberto Gil, além de apresentar dois compositores até então não gravados: Jean e Paulo Garfunkel. É o primeiro disco de Elis na Odeon e o último que ela grava. É dedicado a Rita Lee, "Meu ídolo, minha amiga e colega de internato".


1981
Janeiro.. Elis vai a Los Angeles e começa os preparativos de um disco a ser gravado com Wayne Shorter, compositor e saxofonista que já havia gravado com Milton Nascimento. Esse disco nunca ficou pronto. 6 de março: Dentro da série Grandes Nomes, a TV Globo apresenta o especial de Gal Costa. Convidada especial: Elis. Ela vem de Los Angeles para atender ao convite de Gal. As duas cantam juntas Amor até o fim, de Gilberto Gil, e Estrada do sol, de Tom Jobim e Dolores Duran, música que ambas, separadamente, já haviam gravado. Elis em seu LP de 1971 ("Ela"), e Gal no disco "Gal Tropical', de 1979. 9 de julho: Elis vai para o Chile participar de um programa de televisão. Volta a São Paulo no dia 12, para continuar os ensaios de seu novo show, cuja estréia está marcada para uma nova casa de espetáculos paulista, o Canecão-Anhembi. 22 de julho: Estréia o show Trem azul no Canecão paulista. Direção: Fernando Faro. Cenário: Elifas Andreato. Banda: Sérgio Henriques e Paulo Esteves (teclados), Nathan Marques (guitarra e violão), Luisão (baixo), Teo Lima (bateria), Otávio Bangla (sax tenor e soprano), Nilton Rodrigues (trumpete e flugelhorn). Arranjos: César Mariano e Natan Marques. César não participa do show: ele e Elis estão definitivamente separados depois de nove anos de casamento. O show fica um mês e meio em cartaz. 19 de setembro: Única apresentação de Trem azul em Porto Alegre, no ginásio de esportes Gigantinho. É a última vez que Elis canta em sua terra natal. 22 a 25 de outubro: O show volta a São Paulo, no Palácio de Convenções do Anhembi. 26 de outubro: Durante um coquetel no salão do Hotel Caesar Park, RJ, Elis assina contrato com a gravadora Som Livre. "Eu estou absolutamente desesperançada com todas as gravadoras. Todas são iguais. Mas a Som Livre, pelo menos, toca no rádio, põe os discos nas lojas, tem trinta por cento da fatia de mercado, divulga na televisão e tudo" (para o Coojornal de outubro de 1981). 28 de outubro: Trem azul estréia no Teatro João Caetano, RJ, e fica ~o dias em cartaz. 11 de dezembro: O show apresenta-se no Rio Palace, RJ. 31 de dezembro: Elis faz sua última apresentação na televisão. É num especial de fim de ano da TV Record, onde canta Me deixas louca, de Armando Manzanero em versão de Paulo Coelho, e O trem azul, de Lô Borges e Ronaldo Bastos.


1982
Janeiro: Elis começa a ouvir fitas para escolher o repertório de seu próximo disco, o primeiro para a gravadora Som Livre. 5 de janeiro: Dá sua última entrevista. É para o programa Jogo da Verdade, da Televisão Cultura de São Paulo -RTC. Participam do programa, como entrevistadores, Salomão Esper, Zuza Homem de Mello e Maurício Kubrusly. 19 de janeiro, terça-/eira.' 11h45 - Morte, em São Paulo, por intoxicação exógena aguda. O corpo de Elis é levado para o Teatro Bandeirantes, onde é velado até o dia seguinte. Elis veste a camiseta que não pôde ser usada no show Saudade do Brasil, dois anos antes: a bandeira brasileira, com seu nome no lugar de "Ordem e Progresso". O Teatro Bandeirantes fica cheio durante a noite e a madrugada. Vários artistas no velório: Rita Lee, Roberto de Carvalho, Raul Seixas, Jair Rodrigues, Ronald Golias, Martinha, Lélia Abramo, Ronaldo Bôscoli, Luiz Carlos Mieli, César Mariano, Henfil, Tônia Carrero, Hebe Camargo, Ángela Maria, Fafá de Belém. Gilberto Gil, nos Estados Unidos, manda uma coroa de flores: "Sua voz será de todas as canções, sua alma de todos os corações". A morte é manchete em jornais: "Perdemos nossa melhor cantora" - Jornal da Tarde - SP - 20/1 "Suspeita de suicídio na morte de Elis Regina" -O Estado - SC - 20/1 "Causa da morte de Elis só vai ser confirmada amanhã" - Jornal do Brasil - RJ - 20/1 "Brasil chora morte de Elis" - A Notícia - Joinville - SC - 20/1 "Coração mata Elis" - O Estado do Paraná - 20/1 "Elis" - Folha da Tarde - RS - 20/1 "O Brasil sem Elis Regina" - Folha de S. Paulo - 20/1 Algumas agências de propaganda fazem circular mensagens a respeito de Elis em todos os jornais: 'Choram Marias e Clarices. . . Chora a nossa pátria mãe gentil. Em busca de um sol maior, Elis Regina embarcou num brilhante trem azul, deixando conosco a eternidade de seu canto pelas coisas e pela gente de nossa terra. E uma imensa saudade." (Age Propaganda - SP) "A verdade não rima, a verdade não rima, a verdade não rima. . ." (Visão Publicidade - PR - tirada da letra da música Onze fitas, de Fátima Guedes.) "Nada será como antes. Elis Regina Carvalho Costa" (Signo Comunicação - RJ) 20 de janeiro: O Departamento de Trânsito de São Paulo cria um esquema especial para o cortejo, do Teatro Bandeirantes ao cemitério do Morumbi. A pé, de carro ou moto milhares de pessoas acompanham o carro do Corpo de Bombeiros que leva o caixão. Elis é sepultada por volta de uma hora da tarde no túmulo 2199, quadra 7, setor 5 do cemitério do Morumbi. 21 de janeiro: O delegado do 4~o Distrito Policial de São Paulo, Geraldo Branco de Camargo, divulga os resultados da autópsia e dos exames toxicológicos realizados em Elis. O laudo número 415/82 do Laboratório de Toxicologia do Instituto Médico-Legal revela "resultado positivo para cocaína e álcool etílico, este na quantidade de um grama e seiscentos miligramas de álcool etílico por litro de sangue; a quantidade de álcool etílico encontrada em nível sangüíneo revelou estar a vítima sob estado de embriaguez, e a presença de cocaína caracterizou o estado tóxico, que em somatória pode responder pelo evento letal". 22 de janeiro: A TV Cultura e a TV Globo apresentam especiais com Elis Regina. O da TV Cultura é a reapresentação de um programa feito em 1972, onde Elis fala de sua carreira e canta por duas horas. Direção de Fernando Faro. O da Globo é uma colagem das várias fases da carreira de Elis. A Sudwestsunk, emissora de televisão alemã, com sede em Baden Baden, apresenta um especial de quarenta e cinco minutos com teipes de Elis gravados quando ela esteve na Alemanha. 26 de janeiro: Missas de sétimo dia são rezadas em São Paulo, Rio de Janeiro e em várias cidades do Brasil. Em São Paulo, a missa é às dezoito horas na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Na igreja, mais de mil pessoas. entre elas Rita Lee, César Mariano, Samuel MacDowell, Walter Silva, Teotônio Vilela, Audálio Dantas, Lula, Cauby Peixoto, Hebe Camargo, Henfil, Renato Consorte, Lélia Abramo. Os textos litúrgicos são lidos por Rita Lee e Rogério, irmão de Elis. No Rio a missa é celebrada na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, com as presenças de Gal Costa, Nana Caymmi, Fafá de Belém, Zezé Motta, Betty Faria, Herminio Belio de Carvalho, entre outros. 29 de janeiro: Divulgado o resultado dos exames realizados pelo Laboratório de Toxicologia do Instituto Médico-Legal, que determinam a quantidade de cocaína que teria sido ingerida por Elis antes de morrer: Exame complementar n.0 00415 Exame toxicológico Resultado: A análise quantitativa de cocaína efetuada em fígado e urina forneceram os seguintes resultados: Urina: 23 mg/100 ml (23 miligramas de cocaína por 100 mililitros de urina). Fígado: 2,4 mg/l00 g de tecido (2,4 miligramas de cocaína por cem gramas de fígado). Observações: As dosagens acima foram efetuadas em cromatografia liquidogás, utilizando-se padrão de cocaína extrapura cristalizada de procedência alemã (Merck)". O laudo é assinado por Maria E. M. da Costa Amaral, Vera Elisa Reihardt, Maria Isahel Garcia e Evilin Mansur. 30 de janeiro: No show Festa do interior no Maracanãzinho, RJ, Gal Costa dedica a música Força estranha, de Caetano Veloso, a Elis, "uma estrela que luz eternamente". Essa homenagem seria repetida durante toda a temporada do show pelo país. 7 de fevereiro.' Mais uma homenagem, e monumental. No estádio do Morumbi, SP, cem mil pessoas assistem ao show Canta Brasil, As atrações: Simone, Fagner, Toquinho, Chinco Buarque, Milton Nascimento, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Gonzaguinha, Elba Ramalho, Paulinho da Viola, Djavan, Nara Leão, Clara Nunes e João Bosco. Sobe um enorme painel com o rosto de Elis, e todos artistas, público, cem mil vozes - cantam O bêbado e a equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc. 16 de fevereiro: O promotor Pedro Franco de Campos, da 1 a Vara Auxiliar do Júri, requer o arquivamento do inquérito sobre a morte de Elis ao juiz Antônio Filiardi Luiz, alegando "não haver crime a punir. Não houve o delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, mesmo porque não se pode falar com segurança em suicídio". 23 de fevereiro: O juiz Antônio Filiardi Luiz manda arquivar o inquérito instaurado para apurar a morte de Elis. 4 de março: Tem início o "Mês Músical Elis Regina", promovido pela Prefeitura do Município de São Paulo em seus teatros de bairro. Participam do evento: Adoniran Barbosa, Zimbo Trio, Tetê Espíndola, Grupo D'Alma, Tomzé, Premeditando o Breque, Marlui Miranda, Belchior, Clementina de Jesus, Nelson Cavaquinho, Marina, Grupo Rumo, Renato Teixeira. A promoção vai até o dia 28. No fim de março a WEA põe no mercado o disco "Elis Regina XIII Montreux Jazz Festival", com a gravação da apresentação de Elis em julho de 1979.0 disco não foi lançado na época porque tanto Elis como a gravadora não aprovaram a qualidade técnica da gravação. Destaque no LP: O encontro de Elis com Hermeto Paschoal. 1.0 de maio: É registrada oficialmente a Associação Brasileira Elis em Movimento (ABEM), com sede em São Paulo, criada com o objetivo de preservar a arte e a memória de Elis. 8 de maio: O prefeito Tito Costa, de São Bernardo do Campo, SP, inaugura o Teatro Elis Regina na Avenida João Firmino, 900, no bairro de Assunção. A gravadora Continental relança os dois primeiros discos de Elis, gravados em 1961 e 1962. "Viva a Brotolândia" e "Poema" são relançados em álbum duplo sob o nome de 'Nasce uma Estrela". Nesta mesma época a Polygram/ Philips, gravadora de Elis por quinze anos, lança uma caixa com quatro LPs que abrangem o período de 1965/1978 de sua carreira. Agosto: A ABEM lança o número zero do jornal Elis em Movimento, no qual são divulgados os objetivos da associação. Lançamento do álbum duplo "Trem Azul", pela Som Livre, com a gravação da última apresentação do espetáculo em São Paulo, no Palácio de Convenções do Anhembi A gravação original fora feita em uma fita cassete normal, mono, pelo irmão e técnico de som de Elis, Rogério Costa. A fita passou por uma série de processos de purificação. O som do disco não é perfeito, mas a gravação guarda o calor do show e nos dá a oportunidade de ouvir Elis cantando Flora de Gilberto Gil, e Eurídice, de Vinícius de Morais, músicas nunca antes gravadas por ela.


1983
14 de janeiro: É aberta, no Centro Cultural São Paulo, a '1 Semana Elis Regina" uma promoção da Rede Globo de Televisão em convênio com a Secretaria de Cultura de São Paulo. Na programação da semana: shows com Renato Teixeira, Ivan Lins, Lô Borges, Tetê Espíndola, Grupo Papa- vento, Grupo Medusa, Rosinha de Valença, Guilherme Arantes, Belchior e Zé Rodrix; exposições de fotos e desenhos; espetáculo de dança Elis - 4 estações - coreografado por Esmeralda Monteiro e apresentado pelo Ballet Art; mímica de Denise Stoklos para a música Se eu quiser falar com Deus de Gilberto Gil, na interpretação de Elis; lançamento de cartões-postais e de poster comemorativo de autoria de Elifas Andreato. Durante a promoção, a Rede Globo inclui em sua programação vespertina e noturna pequenos flashes focalizando os eventos da semana no Centro Cultural. 19 de janeiro: Missa de primeiro aniversário na Catedral da Sé, SP, com a presença de cinco mil pessoas. Milton Nascimento participa cantando Essa voz música dele e de Fernando Brant em homenagem a Elis, e Canção da América também dele e de Fernando Brant, acompanhado pela Orquestra Sinfônica de Campinas regida pelo maestro Benito Juarez. A Rede Bandeirantes de Televisão coloca em sua programação, entre oito e meia e meia-noite, vinte breaks de três a cinco minutos cada um, com vinhetas homenageando Elis, além de apresentar, às vinte horas, o especial Elis com imagens de arquivo e depoimentos de Gilberto Gil, Milton Nascimento, Djavan e Sueli Costa. A Escola de Samba Unidos de Vila Jsabel RJ, promove a "Noite dos Imortais", com um show em homenagem a Elis. São inauguradas duas exposições em São Paulo: "Elis 100% Nacional", com guaches de Vicente Gil, na Galeria Paulo Figueiredo, e "Elis Paz", no Spazio Pirandelio. A gravadora EMI-Odeon lança um disco intitulado 'Vento de Maio", com antigas gravações de Elis, como Tiro ao álvaro, de Adoniran Barbosa e Osvaldo Moiles, junto com Adoniran, e O que foi feito devera (de Vera), de Milton Nascimento, Fernando Brant e Márcio Borges, junto com Milton. 23 de fevereiro.. A mímica Denise Stoklos estréia no SESC Fábrica da Pompéia, SP, um recital de mímica baseado em quinze interpretações de Elis. 27 de fevereiro.. É aberto o 'II Mês Musical Elis Regina", uma série de shows nos teatros da prefeitura de São Paulo, com Joyce, Paulinho Boca de Cantor, Jards Macalé, Luli & Lucina. Abril: O álbum duplo 'Trem Azul", com a integra do show gravado por Rogério Costa, ganha o Disco de Ouro por ter vendido mais de cento e vinte mil exemplares. Leva também o prêmio especial da Associação Paulista dos Criticos de Arte pelo tratamento dado à gravação original. 10 de novembro: O Ballet Art estréia no Teatro da Hebraica, SP, o espetáculo Elis - 4 estações que revive as fases de sua carreira com os movimentos 'A Primavera dos Sonhos", "O Verão do Amor", "A Maturidade do Outono" e "A Descrença do Inverno".


1984
16 de janeiro: É aberta, no Centro Cultural São Paulo, a 'II Semana Elis Regina", promovida com a colaboração da Rádio e TV Gazeta, com shows de Cida Moreyra, Eduardo Gudin, Grupo Medusa, Tomzé, Rosa Maria, Regina Tatit, Célia e Grupo Papavento. Lançado, pelo Opus Vídeo e Fonográfica - selo Elenco -, o álbum duplo "Elis Vive" - uma seleção de sucessos de Elis. 22 de janeiro: O prefeito Mário Covas e o secretário de Cultura Gianfrancesco Guarnieri inauguram, em São Paulo, a Praça Elis Regina, na altura do número 1670 da Avenida Corifeu de Azevedo Marques, bairro do Butantã. Fevereiro: A Escola de Samba União de Vila Prudente, SP, sai às ruas no carnaval com o samba-enredo Elis Regina, o som da festa eterna desta musa, de autoria de Nelson Coelho, Roberto Lindolfo e Ditão. A letra do samba: "Na terra do churrasco e chimarrão Eu me embalei na poesia onde brotou a revelação Elis, a luz que irradia, minha vila vem mostrar Pra que chorar, cai comigo na folia pra despertar Vamos pular, são só três dias Hoje tem arrastão Eu vou Upa neguinho na estrada Ai que saudade nos dá Foi a hélice de tantos valores atuais No falso brilhante da vida, jamais foram esquecidas suas [obras imortais Era uma musa que surgia para sempre, quem diria, entre [tantas marias Trem azul, pimentinha ardida trazida do sul, Beco das [Garrafas rádio circo e Tv Elis, a festa é sua, desça e vem sambar na rua." 22 de fevereiro: Estréia no Teatro São Pedro, SP, o espetáculo Elis, com um pássaro no ombro. Com dança, música, teatro, fotografia e literatura conta-se a história do Brasil entre os anos 60 e 80, tendo Elis como fio condutor. Criado pelo grupo Baleteatro de Minas, o espetáculo já havia sido apresentado em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Depois de São Paulo, o grupo apresenta-se em Brasília. Novembro: A gravadora Som Livre lança o disco "Elis -Luz das Estrelas", feito a partir de um teipe da Rede Bandeirantes de Televisão que foi ao ar em 1976. Usou-se só a voz de Elis. Wagner Tiso, Dori Caymmi, Natan Marques; Lincoln Olivetti, Eduardo Souto e Guto Graça MeIlo fizeram novos arranjos. A intenção declarada: mostrar Elis com um "som atual". O disco tem dez faixas, seis das quais inéditas em gravações de Elis: Para Lennon & McCartney, de LÔ Borges e Fernando Brant, No dia em que eu vim me embora, de Caetano Veloso e Gilberto Gil, Velho arvoredo, de Hélio Delmiro e Paulo César Pinheiro, Corsário e Gol anulado, de João Bosco e Aldir Blanc. Novo LP de montagem é lançado pela Polygram, selo Fontana Special: "Nada Será Como Antes - Elis Interpreta Milton Nascimento", com dez faixas, gravadas entre 1966 e 1978. 27 de dezembro: Morre, de câncer no pulmão, Romeu Costa, pai de Elis, aos sessenta e seis anos.