terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A FALTA DE CRIATIVIDADE ASSOLA ESTA PESSOA!







Milton Ferreira Verderi


Depois de tanto pensar, percebi que não penso mais! Será por causa do movimento anti-cultural que assola o país e acaba grudando no meu córtex cerebral, fazendo com que eu me transforme em mais um ser alienado?

A comunicação está se tornando escassa. Tento de todas as maneiras me comunicar e tentar expressar o mínimo de cultura e não consigo, pois as barreiras culturais estão tão massificadas que não existe mais assuntos.

Quando encontro pessoas de certo nível cultural e consigo conversar é um alívio. Até as revistas de novelas não são mais interessantes, pois única coisa que conseguimos ler são fofocas e mais fofocas sobre a vida de outros artistas ou celebridades (quando falo de celebridades, falo de pessoas que acrescentam algo e não personalidades “fake” de sucesso relâmpago).

A televisão, hoje em dia, não passa de uma magazine eletrônica de mau gosto! Cadê as grandes novelas como “O Rebú” de 1974 onde tínhamos o maravilhoso e saudoso Zbigniew Ziembinski no papel de Conrad Mahler. Mahler, o anfitrião perfeito, quebra sua rotina festiva e ardilosamente mata a jovem Sílvia, por ciúmes do seu relacionamento com Cauê, que vivia sob sua proteção. Tal novela causou frisson por ter um tema homossexual, em uma época cheia de tabus.

Onde estão roteiristas (aliás, a classe menos privilegiada da indústria cultural - trabalham feito loucos por praticamente nada), que fizeram o roteiro de “Espelho Mágico – Coquetel de Amor” de 1977, onde era mostrado, e muito bem mostrado, a vida das celebridades do mundo artístico e seus problemas pessoais, suas crises, seus sucessos e fracassos.

E na música? Até os grandes estão se massificando, pois não sabem até onde podem ir com suas mensagens para um povo desiludido de cultura e que provavelmente não irá entendê-los. Mas eles ainda são nossa salvação! Caetano volta maravilhoso em seu álbum “CÊ”, trazendo nuances do bom e velho Caetano que conhecemos. Temos ainda luzes no fim do túnel como Ana Carolina, Seu Jorge, Adriana Calcanhoto, Farofa Carioca e Fernanda Porto.

Na música pop, estamos em falta total de tudo, só existem músicas para “drag queens” baterem cabelo em seus shows! Sou gay, mas não sou drag! Não bato cabelo em casa! Quero ouvir algo para relaxar ou até mesmo dançar com alguém ou sozinho que seja!

Onde estão os grandes? Como Dead Can Dance, Cocteau Twins, etc?

Teatro, tenho medo! Quando vejo que a peça é experimental... meu Deus! Me arrepio pensando no que estarei indo assistir. Mas também se salva várias peças como “Gota D Água” do Grupo Breviário, prêmio merecidíssimo para Georgette Fadel (Prêmio Shell 2007 de melhor atriz, no papel de Joana), não fica devendo nada na interpretação para Bibi Ferreira. A direção de Georgette e Heron Coelho mostra uma coisa que falta no teatro hoje em dia: PESQUISA!

Peça de uma estética claramente brechtiana, com um verdadeiro experimentalismo dentro de palco de arena.

Temos grandes peças no interior paulista, como “Cem Gramas de Dentes” da Companhia Azul Celeste de São José do Rio Preto também dirigida por Georgete Fadel, tendo no elenco Jorge Vermelho e Marcelo Matos. Nesta peça você vê claramente a descoberta do ator, o texto de ator, a direção simples e forte, enfim o ator realmente participando do ato criativo.

Vemos também da mesma companhia de teatro, com direção de Jorge Vermelho, a peça “Doppelgänger”, com uma direção fina, inteligente, de uma elegância inesperada para um tema tão brusco. E temos vários outro que ainda acreditam na verdadeira arte, como Rick Matiolli, José Celso Martines Correa, Aimar Labaki dentre tantos outros.

Ainda temos esperança, enquanto existir pessoas e trabalhos honestos como os nomes citados acima e vários outros que me esqueci de citar.

Aplausos eternos para eles!


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